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Interior

Assassinato do irmão de traficante deixa fronteira ainda mais insegura

Autoridades paraguaias esperam mais execuções em retaliação à morte de Ronny Gimenez Pavão; ministro da Senad diz que grupos rivais ainda lutam para ocupar lugar de Jorge Rafaat

Helio de Freitas, de Dourados | 16/03/2017 08:34
Fronteira seca entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero (Foto: Helio de Freitas)
Fronteira seca entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero (Foto: Helio de Freitas)
Hugo Vera, ministro da Senad (Foto: Helio de Freitas)
Hugo Vera, ministro da Senad (Foto: Helio de Freitas)

Nove meses depois de ser metralhado dentro de seu carro blindado no centro de Pedro Juan Caballero, o narcotraficante brasileiro Jorge Rafaat Toumani ainda motiva a guerra entre quadrilhas pelo controle do crime organizado na fronteira seca do Paraguai com Mato Grosso do Sul.

O ministro da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) Hugo Vera, que chefia a força-tarefa contra as lavouras de maconha em território paraguaio, afirmou que o assassinato do empresário Ronny Gimenez Pavão, 38, na noite de terça-feira (14) em Ponta Porã, é reflexo da disputa por território, iniciada após a morte de Rafaat.

O empresário era irmão do também brasileiro Jarvis Gimenez Pavão, apontado como o “Pablo Escobar do Paraguai”. Cumprindo pena por lavagem de dinheiro em Assunção, o Jarvis está condenado pela Justiça de Santa Catarina a 17 anos de prisão por tráfico internacional e foi apontado pela polícia paraguaia como mentor da morte de Jorge Rafaat.

Segunda baixa – Ronny Pavão, que foi enterrado no fim da tarde de ontem no cemitério de Ponta Porã – sem a presença do irmão narcotraficante, que não chegou a oficializar o pedido à Justiça do Paraguai para ir ao velório do irmão mais novo – é a segunda pessoa diretamente ligada a Jarvis Pavão a ser executada em dois meses.

O primeiro foi o paraguaio Pablo Jacques, 41, gerente do narcotraficante, fuzilado com a namorada, a douradense Milena Soares Bandeira, 26, no dia 2 de janeiro, na capital do Paraguai.

“É comum essas organizações criminosas ataquem a parte mais visível ou mesmo familiares dos rivais”, afirmou Hugo Vera. “[A morte de Ronny] é um produto da rivalidade das quadrilhas e figuras emergentes que querem ocupar esse vazio deixado pela morte de Rafaat”.

Cidade perigosa – O senador Roberto Acevedo, presidente do Congresso Nacional do Paraguai, afirma que a morte de Ronny Pavão é uma prova de que guerra continua. “Pedro Juan Caballero sempre é perigosa, até mesmo quando está tranquila. Agora está com medo porque a cidade está dominada pelo crime organizado e por facções brasileiras”, afirmou.

De acordo com o jornal ABC Color, PCC (Primeiro Comando da Capital), Comando Vermelho e seguidores de Jorge Rafaat lutam pelo controle da distribuição de maconha em Pedro Juan Caballero e pelo domínio do departamento (equivalente a estado) de Amambay, rota da cocaína que vem da Colômbia, Peru e Bolívia com destino ao Brasil e depois à Europa.

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