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Interior

Bloqueios de sem-terra passam de 4h e condutores desistem de seguir viagem

Parados no congestionamento, cidadãos perderam compromissos pessoais e particulares em razão do protesto.

Ricardo Campos Jr. | 06/04/2018 10:22
Fila de veículos parados na BR-262 em razão de protesto (Foto: Direto das Ruas)
Fila de veículos parados na BR-262 em razão de protesto (Foto: Direto das Ruas)

Bloqueios de sem-terra em rodovias federais no Mato Grosso do Sul já duram cerca de quatro horas, os congestionamentos passam dos três quilômetros e fizeram várias pessoas perderem compromissos impedidos de seguir viagem. A polícia negocia com os manifestantes a liberação do tráfego durante dez minutos a cada uma hora.

O protesto é organizado pelo MST, que interrompe o tráfego de veículos na BR-262 perto da entrada para Dois Irmãos do Buriti; na BR-267 perto do distrito de Casa Verde e na BR-163 perto de Itaquiraí, esta última ainda não confirmada pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) e CCR MS Via.

A publicitária Deise Avanci, 46 anos, tinha um serviço agendado com uma rede de lojas de materiais de construção em Aquidauana na manhã desta sexta-feira (6). Ela não conseguiu chegar no horário marcado porque ficou parada no meio do caminho graças ao protesto.

“Muitos veículos que estavam parados resolveram voltar. Tem carro forte e até um caminhão que estava carregado com produtos de chocolate que não podia ficar muito tempo no sol e retornou. Nós também achamos que vamos embora, porque minha agenda já está inviável a uma hora dessas”, reclama.

Para agravar ainda mais o problema, os sinais das operadoras de telefonia são fracos no local. A única opção é o orelhão que fica no Posto Corrente, no mesmo lugar onde funciona o restaurante Redondo, usado por Deise para avisar o cliente sobre o motivo da ausência.

Trecho onde sem-terra bloqueiam a BR-262 perto do acesso para Dois Irmãos do Buriti (Foto: Direto das Ruas)
Trecho onde sem-terra bloqueiam a BR-262 perto do acesso para Dois Irmãos do Buriti (Foto: Direto das Ruas)

“O pessoal da minha empresa achou que tinha acontecido alguma coisa com a gente na estrada. Nós tivemos que vir a pé até aqui para ligar”, afirma.

Valdir Montserrat, 54 anos, viajou a Campo Grande para levar a sogra de 82 anos para fazer exames e voltava para Ladário quando foi impedido de seguir viagem. Ele está parado no restaurante para que a idosa sofra menos com a espera.

“Eles estão tirando de nós o direito de ir e vir. Estamos aqui à mercê, na beira da estrada. Conversei há pouco com um agente da PRF e eles disseram que a previsão é liberar um pouco de carros a cada hora, mas isso ainda é uma incerteza”, reclama.

Marina Ricardo Nunes, que faz parte da direção nacional do MST, afirma que os três atos reúnem 370 pessoas que consideram arbitrária a decisão do juiz Sérgio Moro que determinou a detenção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Slva.

A PRF acompanha a situação, aparentemente sem nenhuma intervenção. Ela recomenda aos motoristas que precisem passar pelos trechos interditados que deixem a viagem para a tarde, quando pela experiência em situações semelhantes, os manifestantes dispersam.

A polícia também pede aos condutores que tenham cuidado ao se depararem com a fila de veículos, já que um bloqueio foi a causa da morte de três pessoas em Sergipe.

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