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Interior

Carro de traficante foragido foi encontrado em empresa de deputado paraguaio

Promotor confirmou que equipes da Senad procuraram Ronaldo Mendes Nunes em propriedade de Lalo Gómez

Por Helio de Freitas, de Dourados | 02/02/2024 09:47
O empresário douradense Ronaldo Mendes Nunes, que está foragido há quase dois meses (Foto: Reprodução)
O empresário douradense Ronaldo Mendes Nunes, que está foragido há quase dois meses (Foto: Reprodução)

Quase dois meses após a Operação Sanctus, deflagrada no dia 8 de dezembro pela Polícia Federal brasileira, o Ministério Público do Paraguai confirmou suspeita de ligação do traficante brasileiro Ronaldo Mendes Nunes, 40, com o deputado paraguaio Eulalio Gómez, o “Lalo”, do Partido Colorado.

Ronaldo e o irmão, Hermógenes Aparecido Mendes Filho, 49, donos de empresas em Dourados e Ponta Porã, são apontados pela PF como chefes de poderoso esquema de tráfico de cocaína da fronteira para o Rio de Janeiro e de ligação com o Comando Vermelho. Aparecido está preso.

Na terça-feira (30), o Campo Grande News relevou suspeita da Polícia Federal de que um político paraguaio ajudou Ronaldo a escapar das equipes da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) que tentaram prendê-lo, no dia 8 de dezembro.

Hoje, em entrevista à rádio ABC Cardinal, o promotor de Justiça Celso Morales confirmou que no dia da operação, agentes especiais da Senad estiveram na Agropecuária Salto Diamante, em Pedro Juan Caballero, para procurar Ronaldo Mendes. Lalo Gómez é o principal acionista da empresa.

O serviço de inteligência da PF indicava que o empresário douradense estava escondido no local. Entretanto, apenas o veículo de Ronaldo foi encontrado.

“Quanto a Ronaldo Mendes Nunes, relata a autoridade policial que o investigado estava na cidade de Pedro Juan Caballero na data da deflagração, em residência já identificada pelos integrantes da Senad do Paraguai sob monitoração para captura e posterior entrega às autoridades brasileiras, ocasião em que, segundo consta, foi ‘resgatado’ nesta residência por um deputado paraguaio, supostamente envolvido com o narcotráfico internacional, que teria atuado junto à Senad para impedir a entrega de Ronaldo à Polícia Federal do Brasil”, afirma trecho da decisão da Justiça Federal que negou o relaxamento da prisão dos irmãos. O documento foi publicado segunda-feira (29) no Diário Oficial da Justiça.

Celso Morales confirmou que estava à frente das equipes que fizeram buscas na empresa de Lalo Gómez e em outros endereços em Pedro Juan Caballero, possíveis esconderijos de veículos e armas da organização criminosa.

Segundo ele, na sede da Agropecuária Salto Diamante, as equipes foram recebidas por um advogado da empresa. Sobre o carro de Ronaldo Mendes encontrado no local, o advogado alegou que ele apenas usava um espaço do estacionamento da empresa. O promotor disse desconhecer se o brasileiro estava mesmo na propriedade e conseguiu escapar antes da chegada dos policiais.

Ronaldo Mendes Nunes é dono do Audaz Restaurante, que tem unidades em Dourados e Ponta Porã. Investigação da PF revela que os restaurantes, assim como as demais empresas dos irmãos, servem apenas para lavagem de dinheiro do tráfico. Todas as empresas seriam deficitárias e não possuem nenhum funcionário com registro em carteira de trabalho.

Ligado ao ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes, Lalo Gómez é figura respeitada na linha internacional que separa Pedro Juan Caballero de Ponta Porã. Ele já foi investigado por lavagem de dinheiro naquele país, mas o processo foi arquivado. Até agora a Senad não se manifestou sobre a acusação de que o político teria interferido para impedir a prisão de Ronaldo Mendes.

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