Com assembleia suspensa, usina de Bumlai tem novo pedido de falência
Liminar do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul suspendeu assembleia de credores; BNP Paribas quer falência da usina
A crise financeira da Usina São Fernando, localizada no município de Dourados, está longe de terminar. De propriedade da família do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula e um dos réus na Operação Lava Jato, a indústria tinha esperança de ter um novo plano de recuperação judicial aprovado pelos credores, mas a assembleia marcada para os dias 17 de novembro e 1º de dezembro foi suspensa por decisão do TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).
A segunda suspensão em seis meses ocorreu após um dos credores requerer a falência da companhia, que já enfrenta outros pedidos semelhantes. A usina tem uma dívida de pelo menos R$ 1,5 bilhão.
A assembleia dos credores tinha sido marcada pelo juiz Jonas Hass Silva Junior, da 5ª Vara Cível de Dourados, para o dia 17 deste mês, mas o BNP Paribas entrou com um agravo de instrumento requerendo a falência da usina. O tribunal deferiu a liminar e suspendeu a assembleia até o julgamento do agravo.
Foi a segunda vez que o BNP Paribas pede a falência da Usina São Fernando. A assembleia de credores marcada para maio também foi suspensa após o banco entrar com um mandado de segurança.
Conforme o jornal Valor Econômico, no pedido de liminar deferido pelo TJ/MS o BNP alegou que a usina não apresentou documentos necessários para o andamento do processo de recuperação judicial. Na avaliação do banco, não é possível ter uma nova assembleia de credores, pois a empresa já estava sujeita ao cumprimento do plano de recuperação aprovado em assembleia anterior.
O BNP representa um grupo de credores que tem pelo menos R$ 80 milhões a receber da São Fernando. Segundo o Valor, fazem parte do grupo o ABN Amro, o Israel Discount Bank of New York, o Banco de Crédito e Inversiones S.A. Miami Branch, o Credit Europe Bank N.V., o BNP Paribas e o BNP Paribas Brasil SA.
Venda emperrada – A suspensão da assembleia dos credores atrapalha também os planos da São Fernando de vender a usina para a gestora americana Amerrra, que fez uma proposta de adquirir a planta e assumir o endividamento entre R$ 950 milhões e R$ 1 bilhão.