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Interior

Contrato de R$ 784 mil com hotel mostra que "ambulancioterapia" é doença crônica

Prefeitura do interior firmam acordos para ter casa de apoio para quem precisa de tratamento em Campo Grande

Por Silvia Frias | 17/10/2025 15:56
Contrato de R$ 784 mil com hotel mostra que "ambulancioterapia" é doença crônica
Pacientes embarcam em ônibus que fez o transporte de Campo Grande para Três Lagoas, em 2023 (Foto/Arquivo)

Prefeituras do interior seguem contratando hotéis em Campo Grande para garantir hospedagem a pacientes que saem dos municípios de origem para tratamento médico na Capital. O contrato mais recente, no valor de R$ 784,6 mil, tem vigência de quatro meses e atende Corumbá.

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A Prefeitura de Corumbá firmou contrato emergencial de R$ 784,6 mil com o Hotel Gimenez, em Campo Grande, para hospedar pacientes em tratamento médico na capital. O acordo, com duração de quatro meses, prevê 2.744 hospedagens com pernoite e 5.040 na modalidade meia diária. O município envia diariamente mais de 30 pacientes e acompanhantes para Campo Grande, distante 428 quilômetros. A medida visa garantir acolhimento humanizado, especialmente para pacientes em radioterapia, que necessitam de sessões contínuas, evitando desgaste com viagens diárias e possível abandono do tratamento.

O acordo foi firmado pela Secretaria Municipal de Saúde e o Hotel Gimenez, localizado no Bairro Amambaí, em Campo Grande. Empresa já fazia o serviço para a prefeitura, mas comunicou que não tinha interesse na renovação do contrato vigente. Então a administração municipal abriu o processo para viabilizar a contratação emergencial.

A justificativa é garantir a continuidade do atendimento aos pacientes, oferecendo um “acolhimento humanizado, seguro e digno, fundamental para evitar abandono terapêutico” e garantir a adesão aos tratamentos.

Segundo dados do Portal Nacional de Contratações Públicas, o contrato prevê até 2.744 hospedagens com pernoite, com valor total estimado de R$ 333.560,64 e 5.040 hospedagens na modalidade meia diária, com teto de R$ 450.080,00. O serviço inclui o paciente e eventual acompanhante.

O Município contabiliza que mais de 30 pacientes e acompanhantes são enviados diariamente para Campo Grande. Apenas em julho de 2025, foram registrados 989 casos de meia diária e quase 600 de diária completa. Esses números evidenciam a demanda crescente por hospedagem e alimentação durante o período de permanência fora de casa.

Outro fator alegado é que a distância de 428 quilômetros entre Corumbá e Campo Grande torna inviável o retorno no mesmo dia. Muitos pacientes, especialmente os que realizam radioterapia, precisam permanecer na capital por dias seguidos, já que o tratamento exige sessões contínuas, em média 30 por paciente. Conforme a justificativa, viagens diárias, além de desgastantes, podem agravar o quadro clínico e comprometer a adesão ao tratamento.

A prefeitura destaca, ainda, a situação de pacientes transferidos pela Santa Casa de Corumbá, que, após receber alta hospitalar, muitas vezes não têm transporte imediato para voltar à cidade de origem. Como os leitos precisam ser liberados para novos atendimentos, esses pacientes acabam sem local adequado para aguardar o retorno, o que reforça a necessidade de local de apoio.

A assessoria da prefeitura de Corumbá diz que a licitação está sendo elaborada para contratação efetiva da Casa de Apoio, mas que o contrato emergencial foi medida para não deixar os pacientes sem atendimento. Informou que esse problema, existente em Corumbá, é realidade de outros municípios do Estado.

Este tipo de contratação é prevista na portaria nº 55/1999 do Ministério da Saúde, que regulamenta o programa TFD (Tratamento Fora de Domicílio), um mecanismo do SUS que garante apoio a pacientes que precisam realizar consultas, exames ou tratamentos médicos em outro município ou estado, quando o serviço necessário não está disponível na cidade de origem.

A situação não é fato isolado, chamada informalmente de “ambulancioterapia”, é um dos temas levantados pelo secretário Estadual de Saúde, Maurício Corrêa, quando assumiu a pasta, em 2023. À época, revelou que a descentralização dos serviços era uma das atribuições determinadas pelo governo.

Em entrevista ao Campo Grande News, ainda em 2023, defendeu várias frentes para lidar com o problema, mencionando a oferta de telemedicina, reforço na rede básica, desospitalização de pessoas com problemas crônicos, mas sem risco de vida, para reduzir internações e, ainda, um sistema robusto de regulação de vagas. Também citou a construção de centros regionais e reformas em 17 hospitais.

Desde a semana passada, a Prefeitura de Campo Grande foi questionada para saber quais municípios encaminham maior número de pacientes para procedimentos na Capital. Até agora, os dados não foram repassados.

A reportagem também tentou respostas com a Secretaria Estadual de Saúde para sobre o quanto já foi alcançado da meta de descentralização e aguarda retorno para atualização do texto.

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