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Interior

Ex-vereador que mandou povo “se f...” chora ao sair de prisão após 4 meses

Após conseguir habeas corpus no STJ, Cícero dos Santos deixou o presídio da cidade no início da noite de ontem

Helio de Freitas, de Dourados | 11/02/2015 10:09
Cícero dos Santos (de camiseta branca) abraça a mulher e os filhos após deixar penitenciária de Naviraí (Foto: Umberto Zum/TaNaMídia Naviraí)
Cícero dos Santos (de camiseta branca) abraça a mulher e os filhos após deixar penitenciária de Naviraí (Foto: Umberto Zum/TaNaMídia Naviraí)

Com uma sacola de roupas nas mãos, de tênis, jeans e camiseta branca, Cícero dos Santos, o Cicinho, deixou no início da noite de ontem a Penitenciária de Segurança Máxima de Naviraí, a 366 km de Campo Grande. Acusado de comandar um esquema de corrupção na Câmara de Vereadores da cidade, da qual foi presidente por quase dois anos, até ser preso pela Polícia Federal, Cicinho chorou ao ver a mulher, Mainara, e os dois filhos, um rapaz e uma menina pequena. Todos se abraçaram em frente ao presídio e depois foram embora, sem falar com jornalistas que estavam no local.

O repórter fotográfico Umberto Zum, do site TaNaMídia Naviraí, gravou um vídeo de 56 segundos, mostrando Cicinho caminhando do portão da penitenciária até encontrar a família.

Mainara Gessika Malisnki também foi presa na Operação Atenas junto com o marido, outros quatro vereadores, três assessores da Câmara e um empresário que prestava serviços para o Legislativo, mas ganhou liberdade em dezembro. Ela responde por crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Rogério dos Santos Silva, o “Dill”, homem de confiança de Cícero dos Santos e um dos assessores da Câmara presos na Operação Atenas, afirmou em depoimento à PF e ao Ministério Público que parte do dinheiro do esquema de corrupção comandado por Cícero dos Santos teria sido usada para pagar cirurgias estéticas feitas por Mainara. “O dinheiro era em prol da mulher do Cícero, Mainara, que fez peito e depois colocou bunda, acredito que tudo com dinheiro público”, disse ele no depoimento, cuja cópia do Campo Grande News teve acesso com exclusividade em novembro.

Habeas corpus – Expulso do Partido dos Trabalhadores em dezembro e cassado da Câmara no dia 13 de janeiro deste ano, o ex-vereador, que em gravações feitas pela Polícia Federal dizia que o povo deveria “se f...” e ensinava os métodos para lavar dinheiro através da loja de roupas da mulher, conseguiu nesta semana um habeas corpus do ministro Sebastião Reis Junior, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), após várias tentativas frustradas no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Os detalhes da liberdade provisória não foram revelados pela defesa.

Na primeira denúncia feita pelo Ministério Público a aceita pelo Poder Judiciário no fim de outubro de 2014, Cícero dos Santos foi acusado de organização criminosa (pena de 3 a 8 anos), corrupção passiva (2 a 12 anos), peculato (2 a 12 anos), fraude em licitação (2 a 4 anos) e lavagem de dinheiro (3 a 10 anos). Só esses crimes poderiam lhe render uma pena de até 46 anos, mas enquanto estava preso ele se tornou réu em outros cinco processos – dois por improbidade administrativa, coação no curso do processo, tráfico de influência e ameaça.

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