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Interior

Exército encerra operação e deixa área de conflito entre índios e fazendeiros

Em nota, comando da 4ª Brigada diz que missão foi cumprida em operação determinada pela presidente Dilma a pedido do governo de Mato Grosso do Sul após confronto que terminou com índio morto

Helio de Freitas, de Dourados | 16/11/2015 08:19
Militares do Exército Brasileiro deixam nesta segunda a região de Antonio João após 75 dias de operação (Foto: Eliel Oliveira)
Militares do Exército Brasileiro deixam nesta segunda a região de Antonio João após 75 dias de operação (Foto: Eliel Oliveira)

O Exército encerrou à meia noite deste domingo (15) a Operação Dourados, iniciada no dia 1º de setembro deste ano para garantir a paz entre índios e produtores rurais do município de Antonio João, a 279 km de Campo Grande, na fronteira do Brasil com o Paraguai.

Em nota, o comando da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada em Dourados, que coordenou a operação em Antonio João e também nos municípios de Ponta Porã, Aral Moreira e Bela Vista, diz que a missão “foi cumprida”. Os militares começaram a deixar a região nas primeiras horas desta segunda.

Determinada pela presidente Dilma Rousseff a pedido do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), a operação tinha sido iniciada no 1º de setembro deste ano, três dias após o confronto entre fazendeiros e índios que lutam pela demarcação do território de Ñanderu Marangatu, que terminou com a morte do guarani-kaiowá Semião Fernandes Vilhalva, 24, alvejado com um tiro na cabeça, na fazenda Fronteira.

A operação tinha sido prorrogada por duas vezes - a primeira em outubro, por 30 dias, e a segunda agora no início de novembro, mas por apenas mais 15 dias.

1.200 homens mobilizados – De acordo com o Exército, nos 75 dias da operação, “para garantir a lei e a ordem”, pelo menos 1.200 homens foram mobilizados nos quatro municípios. Nas áreas ocupadas pelos índios, os militares permaneceram na porteira de duas fazendas e nas rodovias que ligam as cidades da região e passam pelas propriedades.

Uma dos locais vigiados pelos militares era a sede da fazenda Fronteira, de propriedade do ex-prefeito Dácio Queiroz Silva, que mora no local. Uma equipe do Exército permanecia em frente à casa, a menos de 500 metros do local onde Semião morreu e onde fica um dos acampamentos dos índios.

“Foram 75 dias de operações ininterruptas sendo empregados cerca de 1.200 militares do Exército, além da importantíssima participação dos órgãos de segurança pública, estaduais e federais, cabendo destacar o Departamento de Operações de Fronteiras e a Força Nacional de Segurança, órgãos que atuaram ininterruptamente conosco, na área de operações”, diz trecho da nota da 4ª Brigada.

“Imparcialidade” – O comando afirma que durante esse período, o Exército pautou sua atuação “pela total imparcialidade e segundo a lógica de que, a despeito do contencioso existente, todos nós somos brasileiros”. Não há registro de incidentes durante a permanência dos militares na área de conflito.

“Seguimos, assim, a cartilha escrita pelo nosso patrono, o Duque de Caxias, que, em meio às revoltas internas do século XIX que ameaçavam dividir o Brasil em diversos Estados independentes, tal qual ocorreu no restante da América do Sul, liderou a Nação para que a mesma permanecesse unida e integrada tal qual ela é hoje”, afirma nota do comando do Exército em Dourados.

A nota é concluída afirmando que o Brasil como Nação é bem maior do que os “contenciosos sociais existentes”, mas defende medidas para “superá-los com urgência”.

Com autorização da Justiça – Os índios que lutam pela terra Ñanderu Marangatu voltaram a ocupar as fazendas em agosto deste ano, uma década depois de serem despejados por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal).

Desde o confronto que terminou com a morte de Semião, a região vive em clima de tensão. No dia 21 de outubro, os índios deveriam ter sido despejados da área. A Polícia Federal e a tropa de choque da Polícia Militar já estavam mobilizadas para a desocupação, mas a vice-presidente do STF, ministra Carmen Lúcia, suspendeu o mandado de reintegração e garantiu a permanência dos índios nas áreas até o julgamento da ação.

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