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Interior

Fazendeiro diz que saída foi vitória indígena e acredita em novas invasões

Paula Maciulevicius e Aliny Mary Dias, de Aquidauana | 01/06/2013 12:49
“Eu me sinto impotente. Agora para entrar em uma coisa que é minha eu preciso pedir”, diz fazendeiro. (Foto: Marcos Ermínio)
“Eu me sinto impotente. Agora para entrar em uma coisa que é minha eu preciso pedir”, diz fazendeiro. (Foto: Marcos Ermínio)

“Foi uma vitória para eles”. Na fala do produtor rural Nilton Carvalho da Silva Filho, os índios se viram vitoriosos com a saída dele da fazenda Esperança, invadida nesta sexta-feira e podem com isso ocupar outras propriedades. Segundo a Famasul (Federação Agricultura e Agropecuária de Mato Grosso do Sul), o Estado tem hoje 62 fazendas invadidas, 10 só em Sidrolândia e sete e Dois Irmãos do Buriti. 

Hoje pela manhã, ele, familiares e funcionários deixaram a fazenda e seguiram para Aquidauana. “É um momento de muita tensão, não quero entrar no mérito da discussão, mas tenho documento para comprovar que a terra é minha e tomar as medidas judiciais”, disse Nilton.

Em conversa por telefone com o proprietário da fazenda Buriti, Ricardo Bacha, o fazendeiro disse que os índios se dissiparam e que acredita em novas invasões ainda hoje.

Fazendeiros indo embora; seus cães na carroceria da caminhonete (Foto: Marcos Ermínio)
Fazendeiros indo embora; seus cães na carroceria da caminhonete (Foto: Marcos Ermínio)

Nilton saiu por volta das 10h30 em uma caminhonete, seguido de dois carros, com a família e funcionários. Eles levaram poucos pertences e quatro cães. Para o Campo Grande News, Nilton disse que por ter uma boa relação com os índios, acredita que possa voltar se precisar levar mais alguma coisa.

O relato do fazendeiro foi de tranquilidade até esta madrugada. Ele e a família sentiram a situação complicar quando os cerca de mil índios que ocupam a terra começaram a cantar e gritar. Às 7h da manhã, eles conversaram e os indígenas disseram que iriam esperar a reunião que acontece com o representante do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em Campo Grande.

Hoje pela manhã, família dona da fazenda e funcionários deixaram a propriedade. (Foto: Marcos Ermínio)
Hoje pela manhã, família dona da fazenda e funcionários deixaram a propriedade. (Foto: Marcos Ermínio)

No entanto, o medo tomou conta da família no meio da manhã. Quando os índios passaram a correr em volta da sede, gritar e ameaçar os funcionários, dando o limite de até meio-dia para a saída deles.

“Nesse momento a coisa tomou um pé familiar. Até então eu queria ficar”, disse. A fazenda tem 4,6 mil hectares. Nilton deixou para trás cerca de 1,5 mil cabeças de gado Nelore.

“Eu me sinto impotente. Agora para entrar em uma coisa que é minha eu preciso pedir”. Durante a manhã Nilton recebeu a ligação da secretária de Estado de Desenvolvimento Agrário, Produção, Produção, Indústria, Comércio e Turismo, Tereza Cristina Corrêa da Costa, que manifestou apoio.

Nesta sexta-feira, indígenas deram um prazo de 24 horas para a família deixar a propriedade, limite esgotado às 7h da manhã de hoje. A liberação da família aconteceu por volta das 10h30, depois de uma informação recebida pelos indígenas de que um possível um acordo teria sido firmado na reunião que ocorreu em Campo Grande entre membros do Fórum Nacional de Assuntos Fundiários e o representante do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), Rodrigo Rigamonte, com autoridades de Mato Grosso do Sul CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Pelo menos 800 indígenas estão no local. Eles fazem parte de sete aldeias de Aquidauana e reivindicam a ampliação da terra indígena Taunay Ipegue. Em Aquidauana, os índios vivem em pouco mais de 6 mil hectares, mas lutam pela ampliação para 33 mil. Essa área já foi identificada como indígena por estudos antropológicos e abrange todo o distrito de Taunay, que hoje tem 93 imóveis.

Os índios que estão na fazenda Esperança vieram das aldeias Taunay, Ipegue, Colônia Nova, Água Branca, Imbirussu. Bananal e Lagoinha. No total, estima-se que vivam naquela região entre 7 mil e 9 mil indígenas.

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