Há 6 meses na fronteira, delegado tem surpresa com perfil de crimes
"Inclusive a maioria dos crimes registrados são cometidos sem violência ou grave ameaça", diz
A fama de violenta de Coronel Sapucaia, na fronteira com a paraguaia Capitán Bado, não passa pelo perfil de crimes registrados pela delegacia de Polícia Civil, localizada a 20 metros da Linha Internacional. Vindo de Bom Jardim, no Rio de Janeiro, o delegado Marcos Werneck Pereira conta que se surpreendeu com a cidade.
“Surpreendeu positivamente, apresentando menos crimes do que eu esperava, inclusive a maioria dos crimes registrados são cometidos sem violência ou grave ameaça. O que por si só já mostra um cenário positivo”, afirma o delegado, sobre crime que pode sem classificados como “urbanos comuns”.
Com histórico de ter sido alvo de ao menos 40 tiros em 2016 e de uma tentativa de resgate de preso em meado de 2018, a delegacia tem tido um período mais tranquilo, apesar do efetivo policial ser menor do que o necessário.
Segundo Marcos Pereira, o perfil dos crimes no município de 15 mil habitantes é de, principalmente, furto, violência doméstica e tráfico. “Mas os números vêm diminuindo mensalmente”, diz o delegado. Já o número de policiais deve aumentar quando for concluído o concurso da Polícia Civil.
O concurso para delegado foi finalizado no ano passado, com a ida de aprovados jovens e de fora do Estado para a região de fronteira, onde a disputa por território por tráfico de drogas protagoniza episódios de violência.
A escolha das delegacias nos municípios foi pela classificação. Ou seja, os melhores colocados definiam primeiro para onde ir. O delegado de Coronel Sapucaia foi o 68º na classificação final.
Nesta quinta-feira (dia 17), o Tribunal de Justiça inaugura a comarca de Coronel Sapucaia. A estrutura é fixa, mas o começo será sem um juiz titular, específico para a cidade.
Conforme relatório divulgado pelo Idesf (Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras), Coronel Sapucaia é vice-campeã na lista das mais violentas da fronteira do Brasil com o Paraguai. O indicador é a taxa de mortalidade por violência a cada cem mil habitantes.
A cidade tem taxa de 67 homicídios por grupo, embora a situação tenha melhorado nos últimos anos. Foram 14 assassinatos em 2013 (ou 95,84 homicídios por 100 mil habitantes) e 10 ocorrências em 2016.