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Interior

Idenor Machado é preso de novo por descumprir ordem judicial e ir à Câmara

Vereador e ex-presidente da Casa foi preso na tarde desta sexta-feira pelo Gaeco; liminar expedida em dezembro o obrigava a ficar longe do Legislativo

Humberto Marques e Helio de Freitas, de Dourados | 18/01/2019 19:10
Idenor, durante a prisão em 5 de dezembro na Cifra Negra; vereador descumpriu determinação para ficar longe da Câmara. (Foto: Adilson Domingos/Arquivo)
Idenor, durante a prisão em 5 de dezembro na Cifra Negra; vereador descumpriu determinação para ficar longe da Câmara. (Foto: Adilson Domingos/Arquivo)

O vereador Idenor Machado (DEM), de Dourados –a 233 km de Campo Grande– foi preso na tarde desta sexta-feira (18) sob acusação de descumprir medida cautelar que exigia que ele permanecesse distante da Câmara Municipal. A prisão foi cumprida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e solicitada pelo promotor Ricardo Rotunno depois de Idenor ir à sede do Legislativo, mesmo com a determinação judicial para que não contatasse servidores e potenciais testemunhas da operação Cifra Negra.

Idenor esteve na Câmara, conforme seus advogados, para tratar de questões relativas ao seu salário como vereador. Rotunno também foi ao Legislativo, na terça-feira (15), a fim de obter imagens que comprovassem a presença do vereador no local, contrapondo determinação do desembargador Paschoal Carmello Leandro que, em 17 de dezembro de 2018, concedeu habeas corpus em caráter liminar que liberou o parlamentar da prisão a qual ele e outros investigados haviam sido submetidos.

O mandado de prisão foi expedido pelo juiz substituto da 1ª Vara Criminal de Dourados, Alessandro Leite Pereira. Felipe Azuma, advogado de Idenor, informou ao Campo Grande News que não reconhece o descumprimento de medidas cautelares impostas na liminar do desembargador Leandro, por não considerar que havia ali proibição de que o vereador comparecesse à Câmara.

“Impetramos imediatamente outro habeas corpus contra esta ilegalidade”, prosseguiu Azuma. Idenor foi levado para a 1ª Delegacia de Polícia de Dourados.

Cifra Negra – Idenor foi denunciado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por conta de supostas irregularidades cometidas no período em que presidiu a Câmara de Dourados. Ele foi preso em 5 de dezembro ao lado dos colegas Pedro Pepa (DEM) e Pastor Cirilo Ramão (MDB), obtendo o HC 12 dias depois.

Polícia Civil esteve na Câmara de Dourados durante a deflagração da Cifra Negra. (Foto: Helio de Freitas/Arquivo)
Polícia Civil esteve na Câmara de Dourados durante a deflagração da Cifra Negra. (Foto: Helio de Freitas/Arquivo)

Entre as medidas cautelares previstas na liberdade provisória estaria a obrigação de manter distância da Câmara, servidores e potenciais testemunhas da Cifra Negra, de forma a não prejudicar as investigações.

Na terça-feira, Rotunno requisitou imagens do circuito interno de segurança da Câmara e esteve no setor de Tecnologia da Casa, para verificar se as empresas Tecnologia e Sistemas Ltda., KMD Assessoria Contábil e Planejamento e Jaison Coutinho ME suspenderam a prestação de serviços no local, conforme determinou a Justiça pelo envolvimento das mesmas nos fatos apurados.

Novo presidente da Câmara, Allan Guedes (DEM) confirmou que toma providências para substituir as prestadoras de serviço. Também investigada, a Quality teve o contrato expirado em 31 de dezembro.

As fraudes apuradas na Cifra Negra abrangiam licitações, impedindo a ampla concorrência. Todas as empresas inscritas seriam de propriedade de Denis de Maia, um dos empresários presos preventivamente –e que também conseguiram a liberdade no Tribunal de Justiça– e que faria pagamentos a vereadores de Dourados a título de propina para manter os contratos. As empresas investigadas teriam recebido, em oito anos, cerca de R$ 4 milhões em serviços prestados à Casa.

Além de Idenor, Pepa, Ramão e Maia, foram presos o ex-vereador Dirceu Longhi (PT), os empresários Jaison Coutinho, Karina Alves de Almeida e Franciele Aparecida Vasul, e os servidores Alexandro de Oliveira de Souza e Amilton Salina (que seguia preso porque, diferente dos demais, optou por pleitear liberdade ainda em primeira instância).

Os presos na operação e uma funcionária de Maia –Patrícia Guirandelli Albuquerque– foram indiciados por fraude em licitação, corrupção ativa, peculato, corrupção passiva e organização criminosa. Idenor, Pepa e Ramão são acusados de chefiar o esquema na Câmara; cabendo a Maia acusação de montar empresas de fachada para disputar licitações.

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