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Interior

Indígenas resistem e dão recado a governador: “aqui quem manda é a gente”

Dez viaturas ficaram destruídas em confronto; Batalhão de Choque espera reforço para liberar rodovia

Por Helio de Freitas, de Dourados | 27/11/2024 13:31


RESUMO

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Confrontos entre indígenas e a polícia em Dourados, Mato Grosso do Sul, resultaram em feridos de ambos os lados, com a polícia utilizando balas de borracha e gás lacrimogêneo, enquanto os indígenas responderam com pedras. A MS-156 permanece bloqueada devido a protestos por falta de água nas aldeias indígenas. Apesar de uma proposta do governo para aumentar o fornecimento de água ter sido aceita pelas lideranças, a comunidade a rejeitou, mantendo a tensão na região e os bloqueios.

Pessoas feridas por balas de borracha e sufocadas por bombas de gás, gente presa por resistência, policiais machucados e viaturas danificadas por pedras. Esse é o saldo parcial dos confrontos entre indígenas e equipes do Batalhão de Choque da Polícia Militar nesta quarta-feira (27) em Dourados, a 251 km de Campo Grande.

O clima é de tensão no local. A MS-156, entre Dourados e Itaporã, continua bloqueada. Os policiais recuaram e aguardam a chegada de reforços vindos de Campo Grande. Os indígenas se agruparam e também esperam reforços de moradores das aldeias.

Por ordem do governador Eduardo Riedel, segundo lideranças indígenas, o Batalhão de Choque chegou por volta de 8h à reserva para desobstruir a MS-156 e outras estradas da região, bloqueadas na segunda-feira (25). A comunidade cobra ações imediatas para resolver a falta de água nas aldeias.

Houve resistência na estrada de acesso ao Hospital da Missão Evangélica Caiuá e no ponto de bloqueio montado na rotatória de acesso às aldeias na MS-156, entre Dourados e Itaporã. Os policiais dispararam tiros de munição “não letal” e bombas de gás. Os indígenas responderam com pedras e paus. Dez viaturas ficaram danificadas (veja o vídeo acima).

Em vídeo mostrando os policiais a postos na rotatória, morador da reserva mandou recado ao governador: “somos um povo que resiste há 1.500 anos. Isso aqui não vai adiantar, vamos voltar e fechar de novo. Vamos provar para o senhor que somos nós que mandamos aqui. A comunidade é nossa. Vamos resistir!” (veja acima).

“Posicionamento que a gente não pode tolerar para além de qualquer discussão e negociação, feitas por três dias seguidos. Uma paralisação do estado. Hora que fecha uma rodovia, inibe o direito de ir e vir, trabalhadores não chegam à fábrica, gente que não passa por reivindicação, que é justa. Foi negociado o tempo todo e essa negociação sendo procrastinada por interesses políticos. Tem um boletim de ocorrência feito contra a pessoa que estava incentivando”, afirmou Eduardo Riedel ao comentar os conflitos, na manhã de hoje.

A ocorrência citada por ele foi registrada na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) e aponta o advogado indígena Wilson Matos – candidato a prefeito de Dourados em 2020 – de insuflar a comunidade a recusar o acordo durante negociação, ontem à tarde.

A proposta do governo, de aumentar os caminhões-pipa e de construir dois poços na reserva, dentro de 60 dias, foram aceitas pelas lideranças, mas rejeitadas pela comunidade durante votação, ontem à tarde. A estrada de acesso ao hospital foi desbloqueada, mas a MS-156 continua interditada.

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