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Interior

Médicos insistem em dengue e bebê de 1 ano morre de pneumonia

Arthur Cassimiro passou mal no dia 29 de janeiro e foi levado várias vezes ao hospital em Coxim; mãe critica atendimento

Silvia Frias | 10/02/2020 15:28
Arthur passou mal no fim de janeiro e morreu na segunda-feira, a caminho do hospital (Foto/Reprodução)
Arthur passou mal no fim de janeiro e morreu na segunda-feira, a caminho do hospital (Foto/Reprodução)

Bebê de um ano morreu a caminho de Campo Grande, depois de cinco dias de indas e vindas ao Hospital Regional de Coxim, a 260 quilômetros da capital. A mãe, a acadêmica de Pedagogia, Rosiane Cassimiro Silva, 26 anos, critica a demora no diagnóstico, já que os médicos insistiam em dengue e descobriram tardiamente se tratar de pneumonia.

Rosiane disse que o filho, Arthur Cassimiro de Jesus, começou a ficar com febre no dia 29 de janeiro. Como a criança não melhorou depois de ser medicada com dipirona ela e o marido levaram a criança ao Hospital Regional de Coxim no dia 30. Os médicos não fecharam diagnóstico e disseram que ela poderia continuar com remédio e, caso não melhorasse, deveria retornar.

A febre não cedeu e Rosiane levou Arthur novamente ao hospital no dia seguinte (31), data de aniversário do bebê. Embora o hemograma não tivesse apontado anormalidade, o médico disse a ela que deveria ser dengue. “Eu perguntava da respiração, ele falou que estava tudo bem, não precisava fazer exame de raios-X”, lembra.

O médico manteve o mesmo medicamento, dizendo que poderia ser dengue, pois os sintomas demoram alguns dias para se manifestar. No sábado, 1º de fevereiro, o mal estar da criança piorou e os pais o levaram ao pronto-socorro do hospital.

Rosiane disse que repetiram o hemograma que, novamente, não apresentou alteração e, mesmo assim, a plantonista disse acreditar ser um caso de dengue. “Deu até carteirinha de dengue, falou que ia notificar e mandou voltar depois de 24h”. Segundo a mãe da criança, não foi feito qualquer exame para verificar o pulmão, pois a respiração, segundo a clínica, “estava ok”.

Antes do prazo de 24 horas, no dia seguinte (2), Rosiane contou que o filho piorou e voltaram para o pronto-socorro. “Os médicos perceberam que a respiração estava fraca de um lado do pulmão e os batimentos estavam altos”. Somente aí, segundo ela, a equipe entrou em contato com pediatra para tirar dúvidas sobre o caso. “Ele perguntou se tinham feito raio-X, ela disse que não, ele mandou fazer”. Somente aí veio o diagnóstico de pneumonia.

Arthur foi internado e permaneceu no hospital de Coxim até o dia seguinte (3), quando piorou no fim da manhã, sendo decidida a transferência dele para Campo Grande. À tarde, no trajeto, o menino ficou agitado, gemia, chorava, deixando a mãe desesperada. “Eu falava que meu filho tava morrendo, a enfermeira falando que era ‘impressão minha’, para eu me acalmar”.

Próximo de Jaraguari, a ambulância parou e Rosiane desceu da ambulância, enquanto o médico que acompanhava a transferência atendia Arthur. “Acho que ficaram uns 15, 20 minutos lá dentro, aí dele saiu e disse que tudo que podia fazer ele tentou, mas que não conseguiram reanimar meu filho”.

No atestado de óbito consta que Arthur morreu de pneumonia com derrame pleural, insuficiência respiratória e parada cardiorrespiratória. Rosiane questionou a demora no atendimento, em que chegou a ficar seis horas no hospital, à espera da consulta, e do diagnóstico que, mesmo sem ter qualquer indicação, era sempre dengue. “Estavam tratando como se fosse dengue e deixaram o meu filho morrer”. Arthur foi sepultado na terça-feira. 

Rosiane resolveu divulgar o que aconteceu nas redes sociais e a história já teve cerca de 470 compartilhamentos e mais de 500 comentários, muitos, reclamando de situações semelhantes que viveram na cidade. A acadêmica disse que contou o que passou na tentativa de alertar outras famílias. "Porque não internaram quando acharam que era dengue?, eu fiz o que pude, mas não consegui, não quero que ninguém passe pelo que passei".

Ela disse que a família tinha contato com o secretário Municipal de Saúde, Franciel Oliveira e, por isso, o marido dela mandou mensagem relatando o que tinha acontecido. “Ele visualizou e não respondeu”. Informalmente, soube que reunião seria realizada pela secretaria e o hospital para verificar se houve negligência ou erro no diagnóstico, mas, até agora, não recebeu qualquer retorno.

A reportagem tentou falar com o secretário pelo telefone, além da secretaria de Saúde e prefeitura de Coxim, mas não foi atendida.

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