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Interior

Mesmo com 25% da capacidade, usina paga R$ 150 milhões em um ano

Administradora judicial fez balanço do período à frente da indústria que pertencia à família Bumlai e anuncia novas ações para tentar vender São Fernando, localizada em Dourados

Helio de Freitas, de Dourados | 03/08/2018 10:36
Usina São Fernando teve falência decretada em 2017 e vem sendo gerenciada por administradora judicial (Foto: Divulgação)
Usina São Fernando teve falência decretada em 2017 e vem sendo gerenciada por administradora judicial (Foto: Divulgação)

A Usina São Fernando, que pertencia à família do pecuarista José Carlos Bumlai e teve a falência decretada pela Justiça estadual em junho do ano passado, completa, na próxima quarta-feira (8), 14 meses sendo gerenciada pela administradora judicial VCP (Vinícius Coutinho Consultoria e Perícia).

Mesmo operando só com 25% da capacidade – tem potencial para moer quatro milhões de toneladas de cana por ano, mas está moendo apenas 1 milhão/ano - a São Fernando pagou R$ 150 milhões em salários, parcerias com donos de lavouras, tributos e fornecedores em um ano de administração judicial.

A maior parte desse dinheiro, cerca de R$ 100 milhões, foi injetada na economia de Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande, onde fica a indústria.

Quando a São Fernando teve a falência decretada, a indústria tinha apenas 1.200 reais em conta, fornecedores estavam sem receber e a indústria tinha perdido os benefícios fiscais em razão dos tributos em atraso.

Atualmente, segundo os administradores judiciais, a situação é outra. “As contas estão sanadas, o dinheiro do salário dos funcionários e da parceria agrícola é provisionado com uma semana de antecedência, a indústria tem créditos a receber de energia elétrica já comercializada de pelo menos R$ 7 milhões e tem seis milhões de litros de álcool em estoque”, afirma a VCP.

Em um ano da nova administração foram produzidos 6.874 m³ de álcool anidro e 68.599 m³ de álcool hidratado. Cada metro cúbico equivale a 1.000 litros.

Conforme a administração judicial, a usina mantém uma média de 1.000 empregos diretos, com salários em dia, inclusive férias, 13º, plano de saúde e transporte. Em um ano foram pagos R$ 26,6 milhões aos funcionários.

Energia – A produção e comercialização de energia, responsável por 20% do faturamento da empresa, também foi recuperada. Quando a falência foi decretada, a indústria não podia mais cogerar energia elétrica.

Após negociação com a CCEE (Câmara de Comercialização e Energia Elétrica) e a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a usina voltou a gerar energia elétrica e produziu 127.576,20 Mwh em um ano, produção suficiente para sustentar uma cidade de 60.000 habitantes.

Com débitos altíssimos e falta de pagamento, a indústria perdeu todos os benefícios fiscais, o que inviabilizou a concorrência de seus produtos no mercado. Os débitos foram negociados e os benefícios fiscais restaurados.

“Com a administração judicial, todos os tributos, sejam estaduais, federais ou municipais, estão sendo quitados impreterivelmente em dia. Em um ano foram pagos R$ 21.097.421,59 em tributos”, afirma a VCP.

A São Fernando estava há quatro anos sem fazer manutenção significativa no parque industrial. Na entressafra deste ano, foi feito minucioso trabalho de manutenção dos equipamentos, com investimento de R$ 5 milhões. Quase 50 máquinas que estavam sem condições de uso voltaram a operar.

Venda – Quatro meses após a falência, o processo de venda do ativo já estava disponível, mas não houve comprador. Para a VCP, o difícil momento econômico e político do Brasil contribuiu para a ausência de interessados.

Agora, em nova ação para atrair investidores, a administradora judicial pediu ao juiz do processo de falência autorização para contratar o consórcio formado pelas empresas Datagro, SBA e Agriplanning, especialista em negociar ativos como o da São Fernando.

“Existem vários interessados em comprar a São Fernando. São grupos nacionais e internacionais, mas as tratativas são longas. O ativo é considerado muito bom, a planta industrial é elogiada por todos. A administração judicial está segura que conseguirá manter a empresa funcionando até a concretização da venda”, afirmou a VCP.

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