Mesmo sem tropa de choque, sem-terra recuam e começam a desocupar fazenda
Líder dos trabalhadores rurais disse que pelo menos 250 famílias estão mudando acampamento para margens da BR-163
Os trabalhadores rurais sem-terra que desde o fim de dezembro de 2015 ocupam a fazenda Bordon, em Nova Alvorada do Sul, a 120 km de Campo Grande, começaram a deixar a área na manhã desta quarta-feira (4).
Mesmo sem a presença da tropa que choque, que os próprios sem-terra tinham anunciado que iria hoje ao local para cumprir a reintegração de posse – informação negada pela Polícia Militar – as famílias decidiram sair pacificamente da área e estão montando acampamento nas margens da BR-163. A fazenda fica na altura km 394 da rodovia, a 30 km da cidade de Nova Alvorada do Sul.
Claudinei Monteiro, 37, um dos líderes do grupo, disse que policiais militares lotados em Nova Alvorada do Sul foram ao acampamento hoje de manhã para comunicar as famílias sobre a reintegração de posse determinada pelo juiz da comarca local.
“As famílias decidiram sair pacificamente. Como não temos caminhão, estamos mudando o acampamento aos poucos para a beira da estrada, de onde vamos continuar lutando pela desapropriação da fazenda, que tem dívida de mais de R$ 120 milhões com a União”, afirmou Monteiro.
Os sem-terra, ligados a vários movimentos sociais que lutam pela reforma agrária em Mato Grosso do Sul, receberam a intimação judicial sobre a ordem de despejo há 30 dias. O prazo venceu na semana passada.
As famílias que reivindicam a desapropriação da fazenda são ligadas ao MAF (Movimento de Agricultura Familiar), MAC (Movimento de Agricultura Camponesa), FNL (Força Nacional de Luta) e MSTB (Movimento Sem Terra Brasileiro), que formaram uma para ocupar a área.