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Interior

Na contramão de comerciantes, movimento de esquerda quer lojas fechadas

Assinado por 43 entidades, documento cita que cidade não tem leitos suficientes se contágio se alastrar

Helio de Freitas, de Dourados | 01/04/2020 14:18
Representantes do movimento de esquerda quando protocolavam documento na prefeitura (Foto: Divulgação)
Representantes do movimento de esquerda quando protocolavam documento na prefeitura (Foto: Divulgação)

PT, PSOL, PDT, sindicatos e entidades que fazem parte do Comitê de Defesa Popular pediram que a prefeita Délia Razuk (PTB) mantenha as medidas de restrição adotadas há uma semana para conter a proliferação do novo coronavírus em Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande.

Documento com 43 assinaturas foi protocolado na manhã desta quarta-feira (1º) no gabinete da prefeita e será entregue também à Câmara de Vereadores e ao Ministério Público. Os representantes solicitaram audiência com Délia Razuk, mas o encontro ainda não foi agendado.

A cobrança feita hoje se contrapõe ao movimento liderado por empresários locais, que desde a semana passada cobram da prefeita a flexibilização das medidas, como já ocorre em outras cidades da região.

Para as entidades, a Emenda Constitucional 95/2017 congelando gastos em saúde no Brasil por 20 anos – e que só em 2019 tirou R$ 9 bilhões no SUS – afetou também o município de Dourados. “Os poucos leitos de tratamento intensivo não são suficientes para as necessidades rotineiras da população de Dourados e região”, aponta o documento, defendendo a manutenção do isolamento como única saída para conter o vírus.

As entidades citam entre as medidas necessárias a manutenção do distanciamento social, quarentena e isolamento, garantias e condições de infraestrutura adequadas aos profissionais da saúde e ampliação urgente dos leitos de enfermarias e de UTI para os atendimentos a pacientes com Covid-19.

“Não há dúvidas de que atividades essenciais devem ser mantidas, mas não se justificam manifestações que alegam defesa de questões econômicas para desobediência às orientações sanitárias. Toda economia mundial está sofrendo impacto e a nossa não será diferente. Entretanto, precisamos reafirmar constantemente e em alto tom: a defesa da vida deve estar sempre acima do lucro financeiro”, afirma trecho do documento.

Em Dourados, bares, casas noturnas, o comércio em geral e o shopping center estão fechados e a cidade tem toque de recolher das 22h às 5h. Na segunda-feira (30), a prefeita disse que as medidas estão mantidas e que no dia 7 deste mês voltará a reavaliar a situação. Até ontem, Dourados tinha dois casos confirmados de Covid-19.

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