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Interior

Na mira do Comando Vermelho, PCC gastou 6 milhões em fuga na fronteira

Valor é estimado por policiais da Linha Internacional; com apoiadores presos e mortos, facção paulista perdeu força na região

Helio de Freitas, de Dourados | 05/02/2020 10:38
Policiais paraguaios ao lado da muralha da penitenciária de Pedro Juan Caballero, de onde 75 fugiram no dia 19 de janeiro (Foto: Marcos Maluf)
Policiais paraguaios ao lado da muralha da penitenciária de Pedro Juan Caballero, de onde 75 fugiram no dia 19 de janeiro (Foto: Marcos Maluf)

A fuga de 75 presos da penitenciária de Pedro Juan Caballero, na madrugada do dia 19 de janeiro deste ano, foi financiada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital). O objetivo era resgatar seus principais líderes regionais que estavam no presídio e fortalecer o efetivo para fazer frente à guerra travada há anos com os rivais da facção carioca Comando Vermelho.

Sob a condição de ficarem no anonimato, policiais dos dois lados da fronteira revelaram ao Campo Grande News que após a expulsão de Jarvis Gimenes Pavão, em dezembro de 2018, e as prisões de Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o Minotauro, e Levy Adriani Felício, o PCC perdeu terreno.

“Atualmente quem dá as cartas na fronteira é o Comando Vermelho. O PCC ainda tem sua força, assim como outras facções menores também se mantêm por aqui, mas quem está forte é o CV”, afirmou à reportagem um agente da inteligência da Polícia Nacional.

Além das prisões dos líderes, importantes membros da facção paulista foram executados nos últimos tempos, principalmente em Ponta Porã, Pedro Juan Caballero e Capitán Bado. O mais recente, Celso Maldonado Duarte, o “Maracanã”, 46, morto com pelo menos 35 tiros de fuzil em sua casa, na noite de 28 de janeiro, em Capitán Bado.

A execução é atribuída a “soldados” do Comando Vermelho instalados na cidade vizinha de Coronel Sapucaia. No ataque, a sul-mato-grossense Gesica Nunes Arévalos, 26, foi ferida e morreu horas depois. O jogador de futsal Fabio Anibal Alcaraz Arguello, o Cacho, 38, também ficou ferido e teve o joelho esquerdo destroçado por um tiro de fuzil. Outras três pessoas levaram tiros de raspão.

Gasto milionário – Nesta quarta-feira (5), o portal Uol divulgou que o PCC gastou pelo menos R$ 6 milhões para a fuga de seus líderes locais. A informação é atribuída a policiais paraguaios. O dinheiro foi usado para pagar propina aos agentes penitenciários e para financiar a logística da fuga – escavação do túnel e transporte.

Quase 20 dias após a fuga, 64 bandidos continuam foragidos. Até agora, 11 foram recapturados, nenhum deles é considerado líder da facção. A polícia paraguaia não fala oficialmente sobre as investigações, mas garante que as buscas continuam em toda a região de fronteira com Mato Grosso do Sul. Diretores da penitenciária continuam presos, acusados de receber dinheiro para facilitar a fuga.

David Timóteo Ferreira, chefe regional do PCC, é um dos 64 que permanecem foragidos (Foto: Arquivo)
David Timóteo Ferreira, chefe regional do PCC, é um dos 64 que permanecem foragidos (Foto: Arquivo)

Líderes – Segundo policiais e promotores paraguaios, a fuga em massa foi organizada e executada por dois chefes regionais do PCC, David Timóteo Ferreira e Osvaldo Rodrigo Pagiotto. Os dois estavam presos em Pedro Juan Caballero e permanecem foragidos.

Informações apuradas pelo jornal ABC Color revelam que os dois tiveram apoio logístico de seis pistoleiros – Ailton Botelho dos Santos, Marcos Paulo Valdez Pereira, Julio César Gomes, Rafael de Souza, Felipe Diogo Fernandes Dias e Luciano de Souza Martins, membros da estrutura de Sérgio Arruda Quintiliano Neto.

O chefe de investigações da Polícia Nacional em Pedro Juan Caballero, Feliciano Martinez, disse que o Paraguai está compartilhando informações com as polícias Civil, Militar e Federal do Brasil e espera apoio para localizar os fugitivos. Ao Uol, ele afirmou que a polícia tenta controlar as rotas de fuga para Ponta Porã e para Assunção, a capital paraguaia, mas até agora só 11 foram recapturados.

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