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Interior

Operação que "acordou" prefeito a 5 dias das eleições está sob "sigilo absoluto"

Segundo a Polícia Federal, por determinação judicial, nenhum detalhe pode ser divulgado

Anahi Zurutuza | 10/11/2020 10:49
Prefeito Marcelo Iunes deu breve entrevista na porta de casa (Foto: Reprodução de vídeo) 
Prefeito Marcelo Iunes deu breve entrevista na porta de casa (Foto: Reprodução de vídeo)

Por determinação da Justiça, operação da PF (Polícia Federal) deflagrada nesta terça-feira (10) e que teve como um dos alvos o prefeito Marcelo Iunes (PSDB), candidato à reeleição, é mantida sob “sigilo absoluto”. A corporação só divulgou que mandados foram expedidos pelo TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, “não sendo autorizada a divulgação de qualquer informação”.

Mais cedo, o delegado Alan Givigi, da PF de Corumbá, já havia dito que não daria detalhes. “A PF não vai se manifestar sobre a operação de hoje”, afirmou.

O Campo Grande News apurou que uma delação premiada teria sido o ponto de partida para a investigação. O depoimento de um servidor foi colhido há cerca de um mês em Campo Grande, conforme a informação apurada extraoficialmente.

Nesta manhã, equipes da PF se espalharam pela região central de Corumbá em busca de documentos que comprovem a existência de contratos fraudulentos entre a Prefeitura e o laboratório Citolab, que pertence à família Iunes, para desvio de recursos públicos.

Policiais federais estiveram na sede da Secretaria Especial de Cidadania e no laboratório Citolab, ambos na Rua XV de Novembro, no Centro de Corumbá (Foto: Diário Corumbaense) 
Policiais federais estiveram na sede da Secretaria Especial de Cidadania e no laboratório Citolab, ambos na Rua XV de Novembro, no Centro de Corumbá (Foto: Diário Corumbaense)

Fatos – Policiais federais fizeram buscas na sede da empresa, localizada na Rua XV de Novembro. Conforme apuração do Campo Grande News de fevereiro deste ano, Citolab Laboratório Clínico tinha dois proprietários até 2017: José Batista Aguillera Iunes e Amanda Cristiane Balancieri Iunes, respectivamente irmão e esposa do prefeito.

Em maio de 2017, Amanda Iunes deixou a sociedade, restando somente José Batista. Desta forma, a empresa mudou de nome: de A.C.B. Iunes (iniciais de Amanda) para J.B.A. Iunes. A empresa recebeu pagamentos de R$ 982 mil entre 2017 e 2019 e em junho deste ano, a Justiça determinou que a prefeitura suspendesse contrato com o laboratório imediatamente.

Outra equipe da Polícia Federal esteve na sede da Secretaria Especial de Cidadania e Direitos Humanos, que é comandada pela primeira-dama.

Apartamento na região central também foi vasculhado por policiais federais nesta manhã. A reportagem apurou que no prédio mora um farmacêutico, que trabalha no laboratório.

Casa do prefeito - A PF também "acordou" Marcelo Iunes a 5 dias das eleições. Embora a operação seja mantida em sigilo, contra Iunes, havia um mandado de busca e apreensão, segundo fonte. Vídeo mostra que a equipe de buscas encheu porta-malas de veículo estacionado na garagem da casa do prefeito com documentos.

Em breve entrevista na porta de casa, o chefe do Executivo municipal disse apenas que se trata de uma investigação sobre “o laboratório”. “E aí minha esposa foi dona do laboratório e vieram conferir a documentação”. Veja o vídeo:


De novo - Em um mês, essa é terceira operação que mira integrantes do governo de Marcelo Iunes. Em outubro, a PF fez duas ações. No dia 6, a Operação Offset esteve na casa do secretário de Infraestrutura de Serviços Públicos de Corumbá, o engenheiro Ricardo Ametlla, do ex-secretário municipal de Segurança Pública, Edson Panes de Oliveira Filhos, que tem cargo de assessor especial na administração municipal e de outro irmão do prefeito, Márcio Iunes.

Nove dias depois, a Operação Cornucópia 2 mirou esquema criminoso de R$ 60 milhões, que consistia no aumento ilegal da folha de pagamento de servidores cooptados pela organização, com consequente aumento na margem para contratação de empréstimos consignados.

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