ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
ABRIL, DOMINGO  27    CAMPO GRANDE 23º

Interior

"Ou vocês saem, ou eu tiro": Choque desocupa área de acampamento do MST

Cerca de 300 assentados, que voltaram a ocupar a área ontem (26), foram retirados com gás lacrimogêneo

Por Mylena Fraiha e Helio de Freitas, de Dourados | 27/04/2025 10:46

Na manhã deste domingo (27), cerca de 300 trabalhadores rurais do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) foram retirados com uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha durante uma ação policial em área rural do Distrito de Panambi, próximo à MS-379, na região de Dourados, a 251 km da Capital.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

Cerca de 300 trabalhadores rurais ligados ao MST foram retirados de uma área ocupada no Distrito de Panambi, próximo a Dourados (MS), neste domingo (27). A ação de reintegração de posse, conduzida pelo Batalhão de Choque, utilizou gás lacrimogêneo e balas de borracha. Vídeos mostram um agente afirmando que a ação era uma "ordem", sem apresentar mandado judicial, segundo relatos de ocupantes. Os trabalhadores reivindicavam a destinação da terra, considerada improdutiva, para a produção de alimentos. A ocupação, iniciada no sábado (26), fazia parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária. O local, que já havia sido ocupado anteriormente e sofrido incêndios em 2024, teve os barracos derrubados durante a ação policial. A MS-379 chegou a ser parcialmente fechada durante a operação.

Em vídeos encaminhados ao Campo Grande News, é possível ouvir um dos agentes do Batalhão de Choque afirmar em voz alta que "era uma ordem". Na sequência, um dos acampados pede a presença do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para estabelecer um diálogo e solicita um prazo de pelo menos uma hora para retirar a infraestrutura, os animais e parte da plantação.

Entretanto, o mesmo agente reforça: "não há reunião com o Incra, não vim para negociar com você, ou vocês saem ou eu tiro". Em seguida, os policiais organizam a tropa em barreira e avançam com tiros de balas de borracha e bombas de gás.

Uma das integrantes do grupo, de 53 anos, que preferiu não divulgar o nome por receio de represálias, afirmou que o Batalhão de Choque apenas informou que havia uma "ordem", sem apresentar qualquer mandado judicial. "Eles não apresentaram mandado judicial, não mostraram nenhum papel. Vieram para tirar a gente e pronto. Não estão deixando ninguém entrar ou sair. Derrubaram todos os barracos. Ainda não tivemos registro de feridos por bala de borracha", relatou.

De acordo com ela, as entradas e saídas da área foram bloqueadas, e o Choque chegou a fechar parcialmente a MS-379. O grupo reivindica a destinação da terra, considerada improdutiva, para a produção de alimentos. Conforme apuração da reportagem, o local fica ao lado da unidade da JBS Aves, e uma fonte da PM informou que as terras pertencem à empresa.

"É nosso direito reivindicar essa terra improdutiva. Essa terra é da União. São 30 anos sem produzir nada, e agora estão destruindo nossos barracos", afirmou uma das acampadas do MST.

Na página oficial do MST em Mato Grosso do Sul no Instagram, foi publicado que trabalhadores montaram o acampamento nas primeiras horas da manhã de ontem (26), em uma ação que integra a Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, que em 2025 marca a luta dos Sem Terra com o lema “Ocupar para o Brasil alimentar”, durante o Abril Vermelho.

O local já havia sido ocupado anteriormente e, em 29 de agosto do ano passado, um incêndio consumiu oito barracos na mesma área. Conforme apurado pela reportagem, este foi o segundo incêndio registrado na região próxima à rodovia MS-379, onde cerca de 270 pessoas ocupavam barracões improvisados, construídos com lonas e madeira compensada.

[**] Matéria alterada às 11h44 do dia 27 de abril para correção de "reintegração de posse" para "ação policial".

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias