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Interior

PCC instala “exército” em presídios e assusta governo paraguaio

Facção ampliou batismos para recrutar mais membros no Paraguai

Helio de Freitas, de Dourados | 26/07/2017 14:25
Arma usada para matar Jorge Rafaat, em junho do ano passado; ataque é atribuído ao PCC (Foto: Arquivo)
Arma usada para matar Jorge Rafaat, em junho do ano passado; ataque é atribuído ao PCC (Foto: Arquivo)

O crescimento do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Paraguai assusta autoridades do país vizinho. A facção criminosa surgida nos presídios paulistas e se expandiu para todos os estados brasileiros chegou ao território paraguaio em 2010 e nos últimos tempos vem assumindo o controle do crime organizado naquele país, principalmente na fronteira com Mato Grosso do Sul.

Recentemente, a administração dos presídios paraguaios identificou aumento dos batismos para adesão de presos à facção. O que eram casos isolados se tornou fato concreto, afirmaram autoridades ao jornal Última Hora, um dos principais do Paraguai.

Para as autoridades do país vizinho, a expansão dentro das cadeias faz parte da estratégia para aumentar a força na linha de fronteira, onde o PCC luta com outras facções para assumir o controle do tráfico de drogas e armas.

Nos últimos 15 meses, todos os grandes crimes ocorridos em território paraguaio foram atribuídos ao PCC, como o assalto à sede da empresa de transporte de Prosegur, em Cidade del Este, a execução do narcotraficante Jorge Rafaat, em junho do ano passado, e a decapitação de duas irmãs em Pedro Juan Caballero, em junho deste ano.

O diretor do Instituto Penitenciário, Julio Agüero, expressou preocupação sobre a realidade envolvendo a facção brasileira. "É um fato que estão recrutando gente, dando poder a presos paraguaios, para ampliar sua força para cometer crimes”, afirmou.
Segundo Aguero, nas prisões de Cidade del Este, que fica na fronteira com o Paraná, e Pedro Juan Caballero, cidade vizinha de Ponta Porã (MS), foi detectado um número significativo de simpatizantes do PCC, batizado para se juntarem ao grupo.

Em Concepción, Encarnación, Coronel Oviedo e Misiones também já existem prisioneiros recrutados pela organização para a guerra contra o Comando Vermelho e outras facções interessadas em assumir o controle do envio de armas e drogas para o Brasil.

Dinheiro e estudo – Fontes ouvidas pelo jornal paraguaio revelam que entre as estratégias usadas pelo PCC para recrutar os presos estão oferecimento de ajuda econômica e incentivo para que os internos estudem, mesmo dentro das prisões.

Outra tática da facção é usar pessoas e entidades que procuram familiares de internos para oferecer ajuda e depois pedem apoio ao grupo criminoso.

Aguero disse que para tentar conter o avanço do PCC, o governo paraguaio determinou a transferência dos supostos membros da organização criminosa para várias unidades prisionais, onde estão sendo mantidos isolados dos demais presos. Medida semelhante foi adotada no Brasil, mas a facção continua crescendo.

Um dos principais alvos da polícia paraguaia é o brasileiro Elton Leonel Rumich da Silva, o Galã, principal líder do PCC no Paraguai. Galã é acusado de ter planejado o assassinato de Jorge Rafaat.

Ele teria sido alvo do ataque que deixou quatro mortos e 11 feridos em uma boate em Pedro Juan Caballero, na madrugada de segunda-feira. Galã escapou ileso.

Os dois homens mortos – Felipe Alves, o “Filhote”, e Ivanilton Moretti, o “Grandão”, seriam seguranças de Galã, que também é acusado de ser responsável em lavar o dinheiro do crime usando empresas de fachada.

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