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Interior

Por 10 anos, adolescente era estuprada até em sindicato de professores

Padrinho da jovem e pessoa de confiança da família, educador abusou da afilhada dos 8 aos 18 anos

Anahi Zurutuza | 27/04/2021 11:28
Crime foi investigado pela DAM de Aquidauana (Foto: O Pantaneiro)
Crime foi investigado pela DAM de Aquidauana (Foto: O Pantaneiro)

Detalhes sórdidos de uma década de violência sexual foram revelados por jovem de 18 anos que decidiu, em dezembro do ano passado, denunciar ser vítima de padrinho. Dentre os locais usados pelo estuprador para violentá-la está rancho que pertence ao professor, de 55 anos, em Aquidauana e até sede do Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores da Educação) do município, do qual o acusado sempre foi integrante e até o caso vir à tona, era secretário de Finanças.

Consta na denúncia contra o educador, que os abusos contra afilhada começaram quando ela tinha 8 anos. Aos 12, ela passou a ser estuprada.

Muito próximo da família da vítima, o homem tinha carta branca para buscar a adolescente em casa para “lanchar”, mas na verdade, a levava à sede do sindicato dos professores, onde a estuprava. Em outras ocasiões, ao longo dos 10 anos, o abusador a abordou na saída da escola. A jovem se recorda que o rancho para onde o padrinho a levava tinha câmeras de segurança e ele sabia exatamente como desviar dos equipamentos para não ser filmado no local com a menina.

O professor ameaçava “acabar com ela” para mantê-la calada e a “recompensava” com R$ 20 sempre que a estuprava. A jovem relatou ainda que por várias vezes precisou tomar pílulas do dia seguinte compradas pelo denunciado.

O último estupro, revelou a vítima, conforme o autos aos quais o Campo Grande News teve acesso, aconteceu em agosto do ano passado. A jovem chegou a achar que havia engravidado, mas fez exame que descartou a possibilidade.

Revelação - A vítima achou que havia “se livrado” do abusador quando se mudou para Campo Grande, mas foi procurada pelo padrinho e muito nervosa, acabou contando tudo à amiga com quem dividia a casa na Capital. A revelação para a família só aconteceu em dezembro do ano passado. Surpreendida pelo estuprador durante visita à Aquidauana, a jovem novamente ficou abalada e a amiga contou o segredo à mãe da vítima.

A jovem ainda luta contra graves sequelas psicológicas, também consta na denúncia. Em razão dos abusos sexuais sofridos, a vítima apresentou ao longo dos 10 anos depressão, chegou a automutilar-se e tentar suicídio.

A investigação, conduzida pela delegada Joilce Ramos, que era titular da DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) de Aquidauana, constatou ainda que a irmã da jovem também era alvo do professor desde os 14 anos.

Preso - Em janeiro, o pedido de prisão preventiva (por tempo indeterminado) foi feito pela delegada após "a reunião de várias provas dos crimes de estupro vulnerável". As principais evidências são o relatório de atendimento psicológico das vítimas e laudo de exame de conjunção carnal, conforme declarou a Joilce ao site O Pantaneiro à época.

Na cadeia desde 22 daquele mês, o professor tentou habeas corpus, mas o pedido de liberdade foi negado neste mês, conforme divulgado no Diário Oficial da Justiça desta terça-feira (27).

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