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Interior

Prefeito chega à Câmara pelos fundos para depor sobre cheque suspeito

Arlei Barbosa é investigado por Comissão Especial Processante do Legislativo por causa de cheque emitido pela prefeitura em 2017

Helio de Freitas, de Dourados | 22/07/2019 09:04
Arlei Barbosa (à frente) chega à Câmara de Nova Alvorada do Sul para depor em comissão (Foto: Direto das Ruas)
Arlei Barbosa (à frente) chega à Câmara de Nova Alvorada do Sul para depor em comissão (Foto: Direto das Ruas)

Pela porta dos fundos, o prefeito Arlei Barbosa (MDB) chegou na manhã desta segunda-feira (22) à Câmara de Vereadores de Nova Alvorada do Sul, a 118 km de Campo Grande. Ele depõe na Comissão Especial Processante instaurada em maio para investigar o episódio envolvendo cheque do município, no valor R$ 6.168,00, emitido em nome de empresário da cidade que alega não ter feito nenhum serviço para a prefeitura.

Além de Arlei Barbosa, que é investigado na comissão e pode até ser cassado se ficar comprovada irregularidade no pagamento, outras 11 pessoas serão ouvidas hoje, entre elas o empresário Francelino Ruiz Machado, que denunciou o caso, e Tiago Jesus Pereira, dono da empresa que emitiu a nota fiscal.

As demais testemunhas são a ex-secretária de Finanças Luciene Quadros, o ex-gerente de setor Marcelo Lino Lopes, o servidor Eberton Vieira Ferreira, a secretária de Assistência Social Lívia Conceição dias Silva, o secretário da prefeitura de Caarapó Douglas Batista de Souza, o diretor do Procon Oliveira Sergio Borges Silveira, o funcionário do Procon Guilherme Pimentel Borges Silveira, Guilherme Aurélio Lopes Tomaz e a suplente de vereadora Maria de Lourdes Nunes Silveira Borges Pimentel.

A defesa de Arlei Barbosa tinha arrolado também a ministra da Agricultura Tereza Cristina e o deputado estadual Renato Câmara (MDB). O deputado pediu pra depor em outra data e a ministra se negou a depor.

Através da assessoria jurídica, Tereza Cristina informou à Câmara de Nova Alvorada do Sul não ter conhecimento da história e não possuir ligações ou acesso ao prefeito. O nome da ministra foi retirado da lista de testemunhas.

O caso – O cheque emitido em agosto de 2017 foi preenchido em nome de Francelino Ruis Machado, dono de prestadora de serviços de manutenção. Apesar de garantir que não prestou nenhum serviço para a prefeitura, ele admite que descontou o cheque no banco e entregou o dinheiro para um amigo, na época funcionário da prefeitura.

Foi Francelino que denunciou o caso ao Ministério Público, onde existe investigação em andamento desde 2018. No dia 30 de abril deste ano, o empresário fez protesto no centro da cidade com uma cópia gigante do cheque e cobrou providências da Câmara.

Ao Campo Grande News, o prefeito Arlei Barbosa afirmou, em maio, que está à disposição para esclarecer o caso. No dia do protesto, em abril, ele disse que a denúncia tinha interesse político.

"É a campanha eleitoral chegando. Investigamos o caso na prefeitura e tudo foi feito dentro da lei. O cheque foi emitido para pagar pelo serviço prestado por uma empresa. Se ocorreu alguma coisa na hora de descontar o cheque foi lá fora, não aqui na prefeitura", afirmou.

No Ministério Público, o inquérito civil tramita em segredo de Justiça. Em abril, cansado de esperar solução por parte do MP e da Câmara de Vereadores, Francelino decidiu levar o caso ao conhecimento da população protestando no centro da cidade.

Ele afirma que apesar de não ter feito nenhum serviço para o município, no dia 17 de agosto de 2017 foi procurado pelo servidor, então funcionário do setor de TI (tecnologia da informação) da prefeitura. O servidor teria lhe entregado o cheque, da conta oficial do Executivo no Banco do Brasil, aberta em janeiro de 2001.

O empresário afirma ter ido até o banco para trocar o cheque para o amigo e no local o atendente de caixa teria afirmado que o cheque deveria estar nominal.

Temendo problema futuro, Francelino tirou foto do cheque e voltou à prefeitura para falar com o servidor, que no ato colocou o cheque nominal ao empresário e pediu para ele voltar ao banco e descontar a folha. Mesmo já desconfiado com a história, Francelino foi ao banco, descontou o cheque e voltou até a prefeitura para entregar o dinheiro ao amigo servidor.

No dia 12 de abril de 2018, Francelino procurou o Ministério Público e contou a história para o promotor Mauricio Mecelis Cabral. Na denúncia, o empresário disse que chegou a procurar uma vereadora da cidade para contar o episódio e ela teria pedido para Francelino “esquecer” o episódio.

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