ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SÁBADO  23    CAMPO GRANDE 32º

Interior

Prisão de irmãos Rotela em depósito de maconha liga alerta na fronteira

Atuante no “tráfico formiguinha”, Clã Rotela ganha espaço em presídios paraguaios e liderou rebelião com 7 mortes nesta semana

Helio de Freitas, de Dourados | 19/02/2021 12:20
Fuzil calibre 7,62 ao lado de sacos com maconha, em casa onde sete foram presos ontem (Foto: Divulgação)
Fuzil calibre 7,62 ao lado de sacos com maconha, em casa onde sete foram presos ontem (Foto: Divulgação)

A descoberta do depósito com quase uma tonelada de maconha ontem (18) em Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande, deixou policiais sul-mato-grossenses em alerta na fronteira com o Paraguai. Além da droga e do fuzil calibre 7,62x39 encontrados na casa localizada no Jardim das Rosas, outro fato preocupante é o sobrenome de dois dos sete presos.

Os irmãos paraguaios Flavio Rafael Rotela Pereira, 26, e Fernando Rotela Pereira, 34, são suspeitos de pertencerem ao Clã Rotela, quadrilha dedicada ao chamado “tráfico formiguinha” na periferia das grandes cidades do país vizinho e atualmente o principal rival do PCC (Primeiro Comando da Capital) nos presídios do Paraguai.

Oficialmente a polícia ainda não se manifestou sobre o caso, mas o Campo Grande News apurou que Flavio e Fernando seriam primos de Armando Javier Rotela, fundador e “presidente” do Clã Rotela.

Armando é considerado pela polícia paraguaia o “Ás” do microtráfico no Paraguai. A quadrilha controla a venda de drogas nas ruas de cidades paraguaias e se tornou principal fornecedora de crack em comunidades pobres da capital Asunción.

Condenado a quase 30 anos de prisão por tráfico de drogas, Armando Javier Rotela está no Presídio de Tacumbú, onde sete presos foram mortos em rebelião nesta semana. Três foram decapitados. O Clã Rotela é acusado de iniciar o motim para protestar contra transferências e para eliminar rivais.

Armando Javier Rotela durante julgamento em março de 2020 (Foto: ABC Color)
Armando Javier Rotela durante julgamento em março de 2020 (Foto: ABC Color)

Desde 2019 o Clã Rotela trava guerra com o PCC nos presídios do Paraguai. Em junho daquele ano, presos da facção brasileira e do Clã Rotela entraram em confronto na penitenciária de San Pedro. Dez morreram e 12 ficaram feridos, a maioria do Clã Rotela.

Os confrontos entre as duas quadrilhas continuaram nos meses seguintes. Para tentar impedir outros massacres, o governo do Paraguai transferiu os membros do PCC do Presídio de Tacumbú e atualmente o Clã Rotela controla a penitenciária localizada na capital paraguaia.

Tráfico formiga – Outro indício ligando a quadrilha descoberta ontem ao Clã Rotela é a forma de atuação do grupo preso em Ponta Porã. Boa parte da maconha estava em pequenas malas, que seriam despachadas com “mulas” do tráfico no terminal rodoviário da cidade. O tráfico em pequenas cargas é o “modus operandi” dos Rotela.

Além dos irmãos Flavio e Fernando Rotela, foram presos no depósito Carlos Cesar Benitez, 23, Julio Cezar da Silva, 36, Silvia Rocha da Silva, 39, Freddy Raul Rodriguez Lezcano, 37, e Silvia Valiente Caballero, 26. Os filhos de Sílvia Caballero, de 2 e 7 anos, encontrados na casa, foram entregues ao Conselho Tutelar.

Julio Cezar da Silva foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma de uso restrito, tráfico de drogas e associação para o tráfico. Os demais foram autuados por tráfico e associação para o tráfico.

Cheiro de maconha - O armazém de maconha foi descoberto pelo SIG (Setor de Investigações Gerais) da Polícia Civil em Ponta Porã. Quando os policiais se aproximaram da casa para checar a informação do serviço de inteligência, sentiram o cheiro da droga.

Com a chegada de reforço, os policiais pediram para os moradores irem para a frente da casa. Quando o portão foi aberto, o cheiro ficou ainda mais forte. Pela porta aberta, os investigadores viram tabletes de maconha na sala.

Quando entraram na casa, os policiais encontraram fardos de maconha espalhados pelos cômodos e bolsas já preparadas para a viagem. No local foram apreendidos 1.031 tabletes de maconha pesando 999,5 quilos e 10,6 quilos de “bucha”, como é chamada a maconha sem ser prensada.

Nos siga no Google Notícias