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Interior

Promotora ameaça processar organizadores e esvazia ato contra Bolsonaro

Rosalina Cavagnolli mandou avisar que ato provocaria aglomeração; Comitê vê intimidação

Helio de Freitas, de Dourados | 29/05/2021 10:54
Poucos manifestantes contra Bolsonaro foram à Praça Antônio João (Foto: Direto das Ruas)
Poucos manifestantes contra Bolsonaro foram à Praça Antônio João (Foto: Direto das Ruas)

Protesto contra o presidente Jair Bolsonaro marcado para a manhã deste sábado (29) em Dourados (a 233 km de Campo Grande) foi esvaziado após a promotora de Justiça Rosalina Cruz Cavagnolli responsabilizar criminalmente os organizadores do ato.

A manifestação foi convocada pelo Comitê de Defesa Popular para protestar contra o governo Bolsonaro, para defender a universidade pública e gratuita e contra a intervenção na reitoria da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), que completa dois anos em junho.

Entretanto, na tarde de ontem (28), os organizadores do protesto foram informados através de mensagem por celular pela assessoria da promotora de que o movimento “#povo na rua, #forabolsonaro” representaria descumprimento das medidas restritivas adotadas por causa da pandemia de covid-19.

Mesmo com a ameaça de processo criminal, alguns manifestantes foram para a Praça Antônio João, no centro de Dourados, levando bandeiras e cartazes. A maioria usava camisetas pretas.

O Comitê de Defesa Popular afirmou considerar a ameaça enviada pela assessoria de Rosalina Cavagnolli como intimidação.

Em nota oficial o comitê reproduziu trecho da mensagem enviada pela Promotoria de Justiça: “Por meio do presente, o senhor, na condição de Coordenador do Comitê está sendo diretamente cientificado de que, acaso seja realizado o evento que acarrete a aglomeração de pessoas, haverá a responsabilização de todos os envolvidos, no âmbito cível e criminal (artigo 268 do Código Penal), com toda a proporcionalidade que o caso demanda”.

Diante da recomendação prevendo criminalização das manifestações intimidadas, “e pela preservação das organizações e dos militantes de suas bases”, o Comitê de Defesa Popular decidiu suspender o ato.

“Nos deparamos com uma investida desproporcional contra o direito fundamental à manifestação e que visa, antes de mais nada, a desmobilização dos movimentos e protestos. Isso, mesmo com todas as medidas e protocolos de segurança previstos pela nossa organização e mesmo com a constatação de que a omissão e a irresponsabilidade das autoridades é que fez com que nossa cidade chegasse à situação crítica atual”, afirma a entidade.

O comitê encerra a nota orientando as pessoas para que se manifestem de formas seguras se mobilizando pelas redes sociais e fortalecendo a divulgação das ações que acontecerão em outras cidades. “Fora Bolsonaro! Solidariedade e luta”.

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