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Interior

Sem ordem judicial, Sejusp diz que agiu contra índios após ameaça e furto

Índios da etnia Kinikinau denunciaram truculência e ação sem ordem judicial

Aline dos Santos | 02/08/2019 10:07
Viaturas e ônibus na fazenda Água Branca, que foi invadida ontem em Aquidauana.  (Foto: Direto das Ruas)
Viaturas e ônibus na fazenda Água Branca, que foi invadida ontem em Aquidauana. (Foto: Direto das Ruas)

Sem ordem judicial para reintegração de posse, a Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) informa que a ação contra índios da etnia Kinikinau que ocuparam a fazenda Água Branca, em Aquidauana, foi para combater crimes de ameaça, furto qualificado, danos e crimes ambientais.

“A ordem é identificar as pessoas que cometeram os delitos e prender, pois estão em flagrante”, informa nota divulgada pela secretaria sobre a ação de policiais militais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) com o apoio do Batalhão de Choque.

Segundo a Sejusp, a ação aconteceu pacificamente e o foco foi no “sentido de combater delitos de competência da segurança pública e evitar confronto entre produtores e índios”. A polícia permanece na região.

Na manhã de ontem (dia primeiro), cerca de 200 indígenas ocuparam a fazenda em Aquidauana, município a 135 km de Campo Grande. Eles exigiam a desocupação imediata da propriedade. Na sequência, houve a chegada da polícia. 

Em vídeo compartilhado nas redes sociais, um dos líderes da ocupação aparece com a cabeça ensanguentada. Eles relataram ação truculenta e, diante do forte armamento utilizado na ação, saíram da fazenda. Ainda na quinta-feira, o advogado Eloy Terena disse que os policiais militares agiram sem ordem judicial.

Em Mato Grosso do Sul, que é marcado pela disputa fundiária entre índios e fazendeiros, várias ocupações são registradas e, até então, as ações para retirada dos indígenas aconteciam por meio de reintegração de posse, ou seja, com ordem judicial.

"Ordem de Brasília" - Essa foi a primeira invasão de fazenda no Estado na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Áudio, atribuído ao prefeito de Aquidauana, Odilon Ribeiro (PSDB), cita “ordem é de Brasília”. Na gravação, a pessoa diz que é negociada uma retirada imediata.

“Me parece que recebeu ordem de Brasília para retirar, por bem ou por mal. Já me pediram aqui dois ônibus para levar 90 policiais militares. Já tem lá mais uns 40. Vão tirar por bem ou na força. Isso é uma boa notícia, o governo precisa se posicionar referente a dar ordem e paz para todos que moram nesse País. É isso que a gente precisa, colocar ordem. Chega!”.

O Campo Grande News não conseguiu contato com o prefeito de Aquidauana nesta sexta-feira (dia 2).

Liderança indígena relatou truculência e que não houve negociação. (Foto: Direto das Ruas)
Liderança indígena relatou truculência e que não houve negociação. (Foto: Direto das Ruas)
Incêndio em meio à pastagem de fazenda em Aquidauana. (Foto: Direto das Ruas)
Incêndio em meio à pastagem de fazenda em Aquidauana. (Foto: Direto das Ruas)

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