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Interior

Superintendente da PF defende integração para enfrentar crime organizado

Cleo Mazzoti elogia trabalho dos órgãos de segurança e cita como exemplo de sucesso as operações Nepsis e Laços de Família

Helio de Freitas, de Dourados | 01/06/2019 07:05
Cleo Mazzoti diz que maior sucesso no combate ao crime depende de investimento em tecnologia e estrutura (Foto: Marina Pacheco/Arquivo)
Cleo Mazzoti diz que maior sucesso no combate ao crime depende de investimento em tecnologia e estrutura (Foto: Marina Pacheco/Arquivo)

O superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, delegado Cleo Mazzoti, diz que é preciso ainda mais integração entre os órgãos de segurança pública para combater o crime organizado na fronteira com o Paraguai. Ele também aponta a necessidade de mais investimento em tecnologia e estrutura, para ampliar as ações contra organizações criminosas que atuam no tráfico de drogas e no contrabando.

No cargo máximo da Polícia Federal no estado que é a principal porta de entrada da maconha plantada no Paraguai e do cigarro produzido no país vizinho, Cleo Matusiak Mazzotti é o entrevistado da série de reportagens “MS nas Mãos do Crime”, que o Campo Grande News divulga nesta semana.

Mazzoti afirma que a grande faixa de fronteira seca em Mato Grosso do Sul, sem obstáculos naturais para impedir o trânsito de pessoas e produtos, assim como muitas estradas vicinais, também utilizadas para transporte de produtos ilícitos, facilitam a vida dos criminosos.

“Existem muitas organizações criminosas atuando na região do cone sul do Estado e isso dificulta as atividades das instituições de segurança pública. Mas as ações conjuntas entre os órgãos e as operações de inteligência têm desarticulado financeiramente as OrCrims, detido líderes e dificultado a infraestrutura logística de apoio nas estradas”, avalia.

Ele cita como exemplo de sucesso do trabalho policial as operações Nepsis, contra quadrilhas de contrabandistas de cigarro, e Laços de Família, que desarticulou um forte grupo de traficantes do sul do Estado.

“Investigações, como a Operação Nepsis, dificultaram a cooptação de agentes públicos por parte das organizações criminosas. Este quadro demanda uma diminuição nas apreensões de vários produtos ilícitos. Até agora em 2019 houve acréscimo significativo nas apreensões de cocaína”, afirma Cleo Mazzoti.

Camionete S10 crivada de balas no atentado que matou Matheus Xavier em Campo Grande, em abril (Foto: Arquivo)
Camionete S10 crivada de balas no atentado que matou Matheus Xavier em Campo Grande, em abril (Foto: Arquivo)

Violência na Capital – Sobre as execuções a tiros de fuzil ocorridas nos últimos meses em Campo Grande, o superintendente da PF diz não ser possível fazer uma ligação direta com os grupos da fronteira. “Alguns casos podem ter ligação com organizações criminosas que atuam na fronteira, outros não”.

Apesar da escalada do crime na faixa de fronteira, o delegado vê como positivo o trabalho das polícias em Mato Grosso do Sul. “A ideia de que o trabalho de segurança pública não adianta muita coisa é dissociada da realidade. Mato Grosso do Sul tem uma união muito grande entre instituições que atuam direta e indiretamente no combate à criminalidade”.

Segundo ele, devido ao trabalho da polícia, diversas organizações criminosas de grande porte e poderio financeiro foram desarticuladas. “Existe uma dificuldade maior na infraestrutura das OrCrims no transporte de produtos ilícitos. Enfim, o trabalho dos órgãos de segurança pública é árduo e com certeza traz resultados à sociedade”.

Jorge Rafaat – Cleo Mazzoti fala também sobre a morte do narcotraficante Jorge Rafaat, ocorrida em 15 de junho de 2016. Até então, Rafaat era apontado como o chefão do crime organizado na fronteira e sua morte iniciou uma disputa à bala pelo domínio do tráfico na região de Pedro Juan Caballero e Ponta Porã.

“Após a morte de Jorge Rafaat houve uma disputa por espaço entre organizações criminosas na região de fronteira. Infelizmente, alguns criminosos atuam de forma violenta e acabam fazendo muitas vítimas. Não obstante, existe um trabalho significativo e engajado na identificação e combate a essas organizações. Exemplos dessa atuação são as prisões, em espaço de meses, de criminosos procurados como Galã [Helton Leonel Rumich], [Sergio de Arruda Quintiliano Neto] Minotauro e Belo [ex-policial militar Adair José Belo, ex-funcionário de Rafaat]”, afirma o superintendente.

Mais estrutura – “O combate ao crime organizado na região da fronteira passa por aumentar ainda mais a integração entre os órgãos e o investimento em tecnologia e infraestrutura. O Ministério da Justiça tem atuado fortemente nos projetos de integração interinstitucional e tem a região de fronteira como uma prioridade”, avalia Mazzoti.

O superintendente fala também da atuação da PF: “a Polícia Federal vem dando enfoque nas investigações de organizações criminosas de grande porte, buscando desarticular seu patrimônio e estrutura. Essas investigações vêm tendo sucesso, podendo exemplificar sucintamente com as operações Laços de Família e Nepsis. A Polícia Federal participa integradamente, com todas as outras forças de segurança, de ações ostensivas e troca de dados de inteligência, para colaborar com a segurança pública no Estado”.

Prisão de Helton Leonel, o Galã, no Rio em fevereiro deste ano, é apontada por superintendente como golpe ao crime organizado (Foto: Arquivo)
Prisão de Helton Leonel, o Galã, no Rio em fevereiro deste ano, é apontada por superintendente como golpe ao crime organizado (Foto: Arquivo)
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