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Cidades

Média de mortes nos presídios de MS está 4 vezes maior que em 2016

Nos primeiros 15 dias de 2017 já foram registradas quatro mortes em presídios de MS, enquanto que no mesmo período de 2016 não houve nenhum registro

Luana Rodrigues | 16/01/2017 20:17
Rebelião ocorrida no mês de agosto, em Naviraí, onde dois presos foram mortos. (Foto: Divulgação)
Rebelião ocorrida no mês de agosto, em Naviraí, onde dois presos foram mortos. (Foto: Divulgação)

Em meio à guerra entre facções e massacres pelo país, em Mato Grosso do Sul o número de mortes em presídios cresceu em 2017 é quatro vezes maior que a média do ano passado. Enquanto que em 2016, foi registrada uma morte a cada duas semanas, este ano já foram quatro no mesmo período.

Se comparados os dados de 2015 com os do ano passado, também houve aumento de 36% nos casos. Enquanto que em 2015 foram registradas 14 mortes violentas – sendo três consideradas suicídios –, no ano passado houve o registro de 22 casos. 

Com este resultado, Mato Grosso do Sul aparece em 7º lugar no ranking dos estados como mais mortes violentas em presídios no país. O primeiro é o Ceará, no Nordeste, com 50 casos.

Os dados são da Agepen (Agência de Administração do Sistema Penitenciário), que afirma estar tomando medidas preventivas a partir do serviço de inteligência existente dentro das penitenciárias, para evitar os conflitos entre presos e controlar a situação nos presídios, como aumento de efetivo e transferências.

A afirmação é negada pelo Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária), que relata clima tenso nos presídios do Estado.

Guerra e matança – Em todos os estados do Brasil, a maioria das mortes ocorridas no ano passado e neste ano, são por conta da guerra entre facções.

Em MS não é diferente. Em agosto, dois presos foram mortos após uma rebelião no presídio de Segurança Máxima de Naviraí - cidade localizada a 366 km de Campo Grande.

Luiz Fabiano Bezerra, 36, o “Zorba”, e Fernando Florentino da Silva, também de 36 anos, foram executados por companheiros de cela. O motivo seria uma disputa de facções pelo domínio do crime organizado na região sul do Estado.

No caso, a briga já conhecida entre o grupo paulista PCC (Primeiro Comando da Capital) e os cariocas do CV (Comando Vermelho).

Este ano, duas, das quatro mortes que ocorreram no Estado foram na penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande, uma em Dourados - investigada como suicídio - e a quarta em Naviraí. Uma quarta foi em Naviraí, e o motivo também seria a guerra entre facções.

Guerra - A guerra entre as facções, que já matou 119 pessoas no país, teria explodido em setembro do ano passado, depois de um “comunicado” que uma das facções emitiu, o “Salve Geral do PCC”, decretando o fim da aliança com Comando Vermelho.

O texto foi escrito a mão, na Penitenciária de Presidente Venceslau, em São Paulo, onde fica a cúpula do PCC. Possivelmente foi transportada por algum advogado ou visitante e enviado às prisões brasileiras dominadas pela facção. O “salve” se espalhou.

Depois disso, de outubro até hoje, presos foram assassinados em presídios de Roraima, Rondônia, Amazonas, Ceará.

No dia 1º, presos da FDN lideraram a matança de 60 presos do PCC em Manaus, no Amazonas. A retaliação veio após cinco dias, quando o PCC matou 33 rivais em uma prisão em Boa Vista, Roraima. A disputa por rotas de tráfico de drogas nas fronteiras e o avanço do paulista PCC no Norte e no Nordeste estão entre os motivos .

Na manhã de domingo (15), o presidente Michel Temer se manifestou por meio de sua conta no Twitter. Disse que acompanhava a situação desde o dia anterior e que determinou ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que preste o auxílio necessário ao governo do Rio Grande do Norte. Quando houve o massacre em Manaus, o presidente foi criticado por ter se manifestado apenas quatro dias depois.

Em nota, Moraes informou que, a pedido do governador, autorizou “que parte dos R$ 13 milhões do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), liberados no dia 29 de dezembro de 2016 para modernização e aquisição de equipamentos, seja utilizada em construções que reforcem a segurança no presídio”.

O presidente da Comissão dos Advogados Criminalistas da Ordem dos Advogados do Brasil, Gabriel Bulhões, acusou o governo de omissão. “É uma tragédia anunciada. Havia a informação de que eles estavam se armando há algum tempo. As medidas, porém, não foram adotadas.”

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