Nova fase da Oiketicus cumpriu 30 mandados, afirma advogado de PMs
Gaeco ouve 12 pessoas nesta quarta-feira em continuidade à ação que apura envolvimento de policiais militares com o contrabando de cigarros
Pelo menos cinco policiais militares devem prestar depoimento na tarde desta quarta-feira (23) ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) na continuidade da Operação Oiketicus, que apura o envolvimento de integrantes da segurança pública estadual com a Máfia do Cigarro. As oitivas envolvem pedidos de informações sobre interceptações telefônicas e ouras provas recolhidas na primeira fase da ação.
Pela manhã, teve início a segunda etapa da Oiketicus, que não efetuou prisões, mas cumpriu cerca de 30 mandados de busca e apreensão. Hoje, a Promotoria deve ouvir um total de 12 pessoas.
O advogado Edmar Soares, que defende 15 dos presos na Oiketicus, acompanhava nesta tarde um cabo e um aluno do curso de Sargento da PM que não estão entre os detidos. Segundo ele, o Gaeco cumpriu nesta quarta cerca de “30 autos de apreensão e materiais variados, a maioria deles ligados às escutas telefônicas”.
Soares disse que, entre os ouvidos, o teor dos depoimentos abrangeu telefonemas, agendas e outros documentos recolhidos. Ele reiterou que seus clientes negaram envolvimento nos fatos apurados. “Eles (investigadores) entenderam que algumas ligações telefônicas deixaram indícios, mas nos autos não há provas de que meus clientes cometeram delitos”, emendou o advogado.
Oiketicus – A operação Oiketicus –nome científico do bicho-cigarreiro– foi deflagrada há cerca de uma semana visando a apurar a atuação de policiais militares, incluindo oficiais, visando a favorecer contrabandistas ao longo da fronteira com o Paraguai. Foram cumpridos 21 mandados de prisão, 20 deles contra PMs.
Segundo as apurações, policiais de patentes mais altas ou de posição de destaque no esquema usavam de influência para abrir caminho para os contrabandistas. Em troca, recebiam propinas que variavam de R$ 500 a R$ 600 semanais a R$ 100 mil mensais –caso dos “cabeças”.
As apurações dividiram o esquema em duas frentes criminosas. A primeira agia na região de Bela Vista, Bonito, Guia Lopes da Laguna e Jardim, incluindo unidades no distritos de Alto Caracol e Boqueirão, estratégicos para a entrada de cigarros paraguaios no Brasil.
O segundo núcleo abrangia as cidades de Dourados, Maracaju, Mundo Novo, Naviraí, Iguatemi, Japorã e Eldorado.
Prisões – Na primeira fase, em 16 de maio, a Oiketicus cumpriu 20 prisões preventivas e uma em flagrante. O sargento Ricardo Campos Figueiredo foi preso por posse de arma ilegal de uso restrito em Campo Grande. Na sequência, foi posto em liberdade pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).
Outros 20 presos são três oficiais e 17 praças. A lista de oficiais tem Admilson Cristaldo Barbosa, Luciano Espindola da Silva e Oscar Leite Ribeiro; e a de praças lista Anderson Gonçalves de Souza, Angelucio Recalde Paniagua, Aparecido Cristiano Fialho, Claudomiro de Goez Souza, Clayton de Azevedo, Elvio Barbosa Romeiro, Ivan da Silva, Ivan Edemilson Cabanhe, Jhondnei Aguilera.
Além de Lisberto Sebastião de Lima, Marcelo de Souza Lopes, Nazário da Silva, Nestor Bogado Filho, Nilson Procedônio Espíndola, Roni Lima Rios e Valdson Gomes de Pinho.