Principal produto de contrabando de MS, apreensão de cigarro subiu 33%
Dados da Receita Federal em Mato Grosso do Sul apontam que o produto corresponde a 80% do que é contrabandeado no Estado
Número considerado recorde, a receita federal, no país, apreendeu R$ 2,974 bilhões em mercadorias relacionadas a contrabando, descaminho e pirataria entre janeiro e novembro deste ano. Em Mato Grosso do Sul o principal produto apreendido é o cigarro. As apreensões da Receita Federal no Estado aumentaram cerca de 33% em 2018 em relação a 2017.
Delegado adjunto da Receita Federal, Henry Tamashiro de Oliveira afirma que, este ano, foram apreendidos 73,9 milhões de maços, avaliados em R$ 364 milhões. Em 2017 foram apreendidos R$ 275 milhões em 55 milhões de maços.
O produto vem pela rota do Paraguai, que encontra terreno fértil na fronteira seca de 1300 km em Mato Grosso do Sul. O cigarro também foi alvo de uma das maiores operações policiais de 2018, a Oiketicus – nome científico do bicho-cigarreiro -. A operação foi deflagrada para apurar a atuação de policiais militares, incluindo oficiais, que favoreciam contrabandistas ao longo da fronteira com o Paraguai.
Segundo as apurações, policiais de patentes mais altas ou de posição de destaque no esquema usavam de influência para abrir caminho para os contrabandistas. Em troca, recebiam propinas que variavam de R$ 500 a R$ 600 semanais a R$ 100 mil mensais – caso dos “cabeças”.
Para o delegado, o aumento das apreensões pode ser explicado por dois fatores. O primeiro, explica, é “lucro” do negócio o que faz com que o crime seja recorrente. Além disso, o delegado afirma que a repressão e o trabalho em conjunto, com outras forças policiais, aumentou.
“Essas autuações, dos auditores que fazem os autos de infrações, não é só a receita que atua no combate ao contrabando. Como se trata de um crime em flagrante a polícia também atua, é um trabalho em conjunto com as forças policias”, comenta.
Segundo o delegado, no estado, o cigarro representa 80% das apreensões de produtos contrabandeados. Henry explica que a rota do cigarro passou por uma “migração” no Brasil. Antes, comentou, a logística ocorria principalmente em Foz do Iguaçu, no Paraná, estado que também abrange fronteira com o Paraguai.
“Em razão da Receita Federal ter atuado bem fortemente imigrou para Mato Grosso do Sul. Porque aqui temos 1300 km de fronteira seca entre o Brasil e o Paraguai. Toda nossa logística de combate é bem diferente de Foz, conseguimos montar uma estrutura na própria fronteira. Como a fronteira aqui é muito grande, cuidamos mais nas estradas, a gente estuda onde estão passando”, explicou.