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Cidades

Tensão pode gerar conflito entre produtores rurais e indígenas

Ana Paula Carvalho e Paula Maciulevicius | 11/05/2011 20:09

Cerca de mil índios estão acampados na Fazenda 3R, em Sidrolândia.

Índios invadiram Fazenda 3R e dizem que só saem se reivindicações forem aceitas. (foto: João Garrigó)
Índios invadiram Fazenda 3R e dizem que só saem se reivindicações forem aceitas. (foto: João Garrigó)

Produtores rurais da região de Sidrolândia, município que fica a 71 quilômetros de Campo Grande, dizem que conflito com indígenas será inevitável se os terena não deixarem a Fazenda 3R, invadida na noite de ontem. Segundo eles, há rumores de que os índios fecharão a estrada vicinal que liga a cidade à fazenda, o que aumenta a tensão na área.

Cerca de mil índios terena, entre homens, mulheres e crianças, acamparam na área para reivindicar os 17 mil hectares de terra. “Nós estamos aqui por uma reivindicação de 17 mil e 300 hectares de terra. Agora a gente não vai falar mais nada. Vão embora”, disse um dos indígenas à equipe do Campo Grande News.

Os índios da aldeia Buriti estão armados com facões, foices e armas artesanais. Eles também têm binóculos para vigiar a estrada que dá acesso a fazenda.

Há décadas as famílias cobram a demarcação da área como território indígena. Todas as etapas desse processo foram favoráveis aos terena, mas briga judicial impede a homologação.

Os indígenas vivem nas aldeias Córrego do Meio, Lagoinha e Buriti e dizem não suportar mais a espera pela demarcação dos 17.300 hectares, distribuídos em três fazendas na região de Sidrolândia. Além da 3R, a área engloba as fazendas Querência e Cambará. Hoje são cerca de 4.500 índios confinados em 2.090 hectares de áreas homologadas em Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti. Em 2009, os índios chegaram a ir a São Paulo cobrar providência à Justiça Federal, mas os processos continuam emperrados.

Para Bacha,conflito será inevitável se índios não deixarem fazenda. (Foto: João Garrigó)
Para Bacha,conflito será inevitável se índios não deixarem fazenda. (Foto: João Garrigó)

Roberto Rachid Bacha, proprietário da fazenda está na Fazenda Buriti, propriedade ao lado, aguardando por uma solução. "A situação está muito ruim, que a propriedade foi depredada e que já avisou a Secretaria de Segurança do Estado e a Polícia Federal".

Segundo Bacha, aproximadamente 25 produtores da região estão mobilizados e a situação está tensa por que os indígenas afirmaram que vão invadir mais fazendas até sexta-feira se não houver a demarcação das terras.

A assessoria da Polícia Federal informou que não há previsão de mandar equipes para o local para evitar conflitos e, que a ordem tem que vir da Justiça Federal.

Reféns - Ontem o coordenador regional da Funai/MS (Fundação Nacional do Índio), Edson Fagundes e chefe de Meio Ambiente da Fundação, Ricardo Araújo, foram feitos reféns pelos indígenas e foram liberados ontem a noite.

Segundo informações, Edson ficou refém por querer trocar o coordenador das aldeias em Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti, Samuel Dias, para colocar um parente.

Os índios não aceitam a troca e pedem a permanência do chefe atual do posto da reserva ou a substituição pelo professor Maioque, da aldeia Tereré ou Argeu Reginaldo, da aldeia Água Azul.

Esta é a segunda represália feita pelos índios diante da substituição de Samuel Dias. Em março no ano passado, dois funcionários da Funai também foram feitos reféns, porque os índios da reserva queriam que Argeu Reginaldo assumisse a coordenação. Os índios só liberaram os dois homens depois de uma negociação com a diretoria do órgão.

Em maio do ano passado, cerca de 100 indígenas da Aldeia Buriti fizeram o prefeito de Dois Irmãos do Buriti, Wlademir Volk, e mais 50 servidores reféns. Na ocasião, os terena reclamaram que tiveram a promessa de repasse de recursos por parte da prefeitura, fato que acabou não acontecendo e motivando o protesto.

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