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Em Pauta

#ÍndioNãoÉFantasia, o debate que incendiou o Carnaval

Mário Sérgio Lorenzetto | 15/02/2018 08:18
#ÍndioNãoÉFantasia, o debate que incendiou o Carnaval

Deslumbramento geral. Desde que os europeus aportaram em terras brasilis, encantaram-se com as penas e adornos indígenas. Vindos de um mundo onde só meia dúzia de ricos vestia-se com belas cores e sedas, espanhóis e portugueses, foram tomados por perplexidade ante tantas suntuosidade indígena. Depois de levar alguns índios para ser mostrados a seus reis, começaram a colecionar as indumentárias dos povos que viviam no Brasil.

Costume que está à mostra desde o Museu Britânico até o Museu Indígena no Parque dos Poderes de Campo Grande. Não há como relutar, a arte indígena, em suas cerâmicas, pinturas e indumentárias sempre apaixonou os brancos. Se não bastasse a admiração havia o engano. Inicialmente, acreditavam que os índios eram anjos pois andavam com penas nas costas, como se fossem os "emissários de Deus".

A jovem que deu início ao debate - Katú Mirim - não foi criada em uma aldeia, pouco conhece da dura e repressora realidade a que os índios foram submetidos desde 1.500. Todavia, o debate que criou, mostra uma das mais perversas faces do cotidiano indígena: o racismo. É uma banalidade acreditar que os brancos deixarão de usar os belos adereços indígenas. Pelo contrário, todos aqueles que desejam submeter-se a uma tatuagem deveriam estudar o que há de mais belo no Brasil tatuado: o corpo pintado dos Kadiwéus. Se branco não pudesse usar cocar, índio não deveria usar jeans e camiseta.

#ÍndioNãoÉFantasia, o debate que incendiou o Carnaval
#ÍndioNãoÉFantasia, o debate que incendiou o Carnaval

A origem sagrada das tatuagens.

O carnaval deixou à mostra o que muitos presumiam: a juventude brasileira é tatuada. Ainda existe muitas reações negativas a essa prática, especialmente no meio evangélico. O que muitos não sabem é que a tatuagem têm origem sagrada.

A primeira tatuagem que conhecemos está no corpo de Ötzi, a múmia de cinco mil anos, encontrada nos Alpes italianos, com desenhos pintados nos joelhos e costas. No antigo Egito, há três mil anos, a tatuagem, que era desenhada com agulhas de ouro, só era permitida às sacerdotisas. Já foram descobertos desenhos relacionados à fertilidade. Na famosa múmia da sacerdotisa Amunet, encontrada em Tebas, pode-se observar uma tatuagem na região pélvica baixa.

Mas esse conhecimento pouco significa frente ao debate cristão sobre tatuagens: Jesus Cristo era tatuado? No livro do Apocalipse, capítulo 19, versículo 16, fica claro que Jesus era tatuado na perna: o Cristo, que tem "escrito um nome em seu manto e em sua coxa: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores". Todavia, outros estudiosos dizem que essa tradução do Livro do Apocalipse está errada e deveria ser entendido que haveria um desenho no manto de Jesus na altura da perna.

Ao longo da história as tatuagens foram perdendo o caráter sagrado. Na Idade Média somente os nobres cavaleiros podiam ser tatuados para ser reconhecidos quando mortos em campo de batalha. Hoje, é um adereço usado principalmente por jovens que procuram expressar o belo.

#ÍndioNãoÉFantasia, o debate que incendiou o Carnaval
#ÍndioNãoÉFantasia, o debate que incendiou o Carnaval

O nascimento do rock and roll.

O que era esse rock and roll que todo mundo falava nos anos 50? Até essa época as rádios falavam indistintamente em rock and roll e rhytm & blues, como se fossem a mesma coisa. Mas cabe perguntar: o rock and roll era o mesmo que o rhytm & blues que ha uma década triunfava entre as audiências negras? Por que batizariam o rhytm & blues de outra maneira? Isso se deve a uma mescla de fatores.

Por um lado, questões comerciais que facilitassem a entrada dessa música no meio dos jovens brancos. Por outro, havia a forte influência de Alan Freed, um dos mais ouvidos locutores de rádio, que desde o princípio dos anos 50 tocava esse ritmo musical sempre chamando-o de rock and roll. Foi ele quem batizo esse estilo musical. A palavra "rock and roll" era, nessa época, entendido como "balançar e rodar", ainda que jamais teve um significado concreto. Desde os anos 30 esse termo era usado em músicas. Há quem defenda que rock and roll é bem mais antigo que os anos 30 e nasceu fora do mundo musical. Mas essa é uma história para ser estudada e escrita. O fato é que Alan Freed a utilizava para um novo ritmo que servia para dançar.

De fato, existem canções intituladas rock and roll nos anos 30. É claro que elas nada têm a ver com o que passaram a entender como o rock and roll dos anos 50 até hoje. Sirva como exemplo a canção das Boswell Sisters, gravada em 1934.

Está claro que as irmãs Boswell não estavam interpretando rock and roll. Esse título usado pelas irmãs fazia referência ao movimento de uma embarcação sobre o mar. Há, aliás, teses de que esse termo têm suas origens na Marinha. Também deve ficar claro que Alan Freed usou o vocábulo simplesmente porque soava bem.

Mas vamos à questão das diferenças entre rock and roll e rhtm & blues. O fato é que, para Alan Freed, e, depois, para todo mundo, tudo que era rock and roll era o mesmo que rhytm & blues, mas só a parte dançante. Isto significa que existiam dezenas de músicas rhytm & blues que não eram rock and roll. Mas há outra diferença essencial. Rhytm & blues era música exclusiva de negros, aliás, por alguns anos, qualquer música criada por negro era denominada rhytm & blues, desde que não fosse jazz ou gospel. Rock and roll era de todas as raças.

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