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Em Pauta

175 mil arvores é o ideal para C.G.? Estão bem distribuídas?

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 22/03/2025 08:00
175 mil arvores é o ideal para C.G.? Estão bem distribuídas?

Essa é uma questão que se evidencia diante de cada tormenta. Alguns locais na cidade, quase todos os anos, ficam perigosamente inundados. A resposta exata será dada pelo Fórum Econômico Mundial, que tem feito um bom trabalho, em conjunto como o MIT - Massachusetts Institute of Technology. Criaram o site “Treepedia”, que realiza, em algumas cidades do mundo, a medição da porcentagem da superfície urbana coberta por vegetação arbórea. Foi assim que descobriram que, entre as duas dúzias das cidades estudadas, Vancouver, no Canadá, com quase 26% da superfície coberta pelas copas de árvores, é a que apresenta mais vegetação, enquanto S.Paulo, a capital econômica brasileira, tem menos de 8%. Pior, S.Paulo tem distribuição arbórea extremamente mal formada. Ainda não chegou a vez de Campo Grande aparecer no Treepedia.


175 mil arvores é o ideal para C.G.? Estão bem distribuídas?

O razoável e o ideal.

A OMS preconiza dois critérios arbóreos para indicar a cobertura arbórea da cidade que é melhor para a saúde de seus habitantes. Conforme os cientistas, o ideal é termos uma árvore para cada habitante, o que daria algo como pouco mais de 900 mil copas, algo muito distante das atuais 175 mil. No entanto, não estamos entre as cidades peladas pois quase atendemos ao critério mínimo desejável que é de uma árvore para cada três habitantes. É bem razoável quando comparada com outras cidades. Todavia, não temos ideia de como elas estão distribuídas.


175 mil arvores é o ideal para C.G.? Estão bem distribuídas?

Repensar profundamente nossa concepção de cidade.

Eis algo que não podemos mais adiar. As três últimas eleições escolhemos entre candidatos total ou semi ignorantes. Seus discursos ideológicos escondem suas incompetências. Não podemos continuar imaginando nossa cidade como algo separado da natureza ao seu redor. Aquelas cidades como a Los Angeles do filme “Blade Runner” não tem chance de existir porque são claramente insustentáveis. Para sobreviver, as cidades precisam de fluxos enormes e contínuos de energia, materiais e de recursos arbóreos. Os dois primeiros, só podem ser conseguidos fora da cidade. As árvores são tão necessárias quanto o ar que respiramos.


175 mil arvores é o ideal para C.G.? Estão bem distribuídas?

A cidade antiga e do futuro.

A cidade antiga precisava de muros e de outros mecanismos de defesa que mantivessem seu interior separado e defendido de um exterior ameaçador. Elas não eram muito extensas e as principais atividades produtivas, como a agricultura, não encontravam espaço em seu interior. O que une todas as cidades de todos os tempos é que elas não conseguem produzir dentro de seus limites os alimentos que necessitam para sobreviver. E aí mora a grande contradição. Em pouco tempo, os moradores da zona rural praticamente desaparecerão, a cidade se tornará uma megalópole. Um lugar onde a natureza não é admitida. Não é possível imaginar de modo diferente o que hoje é considerado o lar de nossa especie? Até agora deixamos essa tarefa apenas para os arquitetos e para prefeitos que não tem a mínima ideia de gerenciar uma cidade. Até quando?


175 mil arvores é o ideal para C.G.? Estão bem distribuídas?

Árvores em todos os lugares.

Na cidade, todas as superfícies deveriam ser cobertas de plantas. Não só os (poucos) parques, avenidas, canteiros de flores e outros lugares canônicos, mas literalmente todas as superfícies : fachadas, ruas, semáforos, telhados… todo lugar onde é concebível colocar uma planta. Não existem problemas técnicos ou econômicos que possam impedir essa escolha. E os benefícios seria incalculáveis. Não só para a melhoria da saúde física e mental. Elas nos ajudam no desenvolvimento da sociabilidade e, espantem, na redução dos crimes. As plantas influenciam positivamente nosso modo de vida. A ideia não é nova. Vem de 1661, quando o escritor britânico John Evelyn fez o primeiro estudo sobre poluição atmosférica. Na verdade, é um mistério até hoje não nos dedicarmos à plantação de árvores na nossa cidade.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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