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Em Pauta

A revolta expressiva contra Dilma: os caminhoneiros podem parar o Brasil

Mário Sérgio Lorenzetto | 25/02/2015 08:01
A revolta expressiva contra Dilma: os caminhoneiros podem parar o Brasil

Como no Chile de Allende, os caminhoneiros brasileiros emparedarão o governo Dilma?

Outubro de 1972. O governo socialista de Salvador Allende foi derrubado pelos militares comandados por Augusto Pinochet. Mas essa história não começa assim. Antes das Forças Armadas do Chile entrarem em ação, os caminhoneiros paralisaram aquele país e emparedaram o governo. Como via de regra eram, os caminhoneiros, donos de seu próprio caminhão ou proprietários de frotas desses veículos. Não foi uma greve de trabalhadores. Com o bloqueio das estradas chilenas ocorreu um desabastecimento generalizado e a inflação explodiu. O caldo de cultura propício para o golpe dado pelos militares no governo socialista eleito pelo povo chileno.

O bloqueio das estradas teve início em Campo Grande. Tomou as principais estradas do sul do país e de Minas Gerais. Neste momento seus colegas do Mato Grosso, Goiás e Bahia estão aderindo ao movimento. Tal como no Chile governado por socialistas, o Brasil não dispõe de uma alternativa ferroviária para o transporte de mercadorias. Tal como o Chile de Allende, uma parcela expressiva da classe média está às turras com o Brasil de Dilma. Talvez o dia 15 de março, dia destinado a uma possível manifestação nacional contra Dilma nos dê a resposta a tantas circunstâncias semelhantes.

A revolta expressiva contra Dilma: os caminhoneiros podem parar o Brasil
A revolta expressiva contra Dilma: os caminhoneiros podem parar o Brasil

Os políticos começam a articular a composição dos cargos federais no Mato Grosso do Sul

As nomeações dos ministros estão encerradas. O Carnaval passou. Os donos do poder, Aloizio Mercadante, Ricardo Berzoini, Pepe Vargas e Rui Falcão (os três primeiros ministros e o último presidente do PT) entendem que o grupo CNB - Construindo o Novo Brasil - foi exageradamente contemplado ao garantir a permanência do ministro da Justiça, nomear Miguel Rosseto na Secretaria Geral da Presidência da República e Pepe Vargas na Secretaria de Relações Institucionais. Há uma pública insatisfação das demais correntes do PT que buscam o "ressarcimento" nos cargos do governo federal que serão nomeados nos estados.

Os cargos mais visados, pelos salários elevados e poder, são os dos superintendentes do INCRA, da FUNASA e do DNIT. Neste momento, o PT do Mato Grosso do Sul vive uma ebulição interna de elevadas proporções. E ela tem nome: Zeca do PT. A ele é creditada as dificuldades de chegar a algum consenso e atender os variados interesses de seu partido. O processo é óbvio: enquanto o Senador Delcídio se mantiver distanciado de suas bases, Zeca do PT ocupará cada vez mais espaços. Teria ocorrido uma reunião preliminar, na segunda-feira, entre Zeca do PT, Vander Loubet e Dagoberto Nogueira em uma tentativa de unificar os esforços do PT com o PDT. Muito teriam discutido e nada acertado. Os nomes para ocupar os cargos que cada um dispõe não teriam sido apresentados. Há uma clara insatisfação dos demais comandantes do partido por não estarem participando das negociações.

Mas não é apenas o PT que almeja os cargos federais no estado. O PRB e o PP estariam eliminados da contenda por infidelidade de suas bancadas. O PMDB que estava na mesma condição dos dois, teria resolvido suas pendências nacionais e gozaria, neste momento, de condições de disputar os cargos. Por enquanto, em todos os partidos e correntes há muitas brasas armazenadas e um grande estoque de gasolina. Nem um só político disposto a procurar água.

A revolta expressiva contra Dilma: os caminhoneiros podem parar o Brasil
A revolta expressiva contra Dilma: os caminhoneiros podem parar o Brasil

Criar partidos políticos no país é um negócio lucrativo

O Brasil conta atualmente com 32 partidos. Uma enormidade. Nada menos que 28 deles se fazem representar no Congresso Nacional. É inacreditável, todavia existem outros 42 partidos tentando varar a intricada legislação nacional para concorrerem às eleições. Teríamos 74 partidos.

Se já existem 32 partidos, e nem todos conseguem eleger representantes no Congresso Nacional, para que mais partidos? Uma das respostas pode estar no bolso. Vejam as contas. Os partidos políticos dividiram no ano passado quase R$ 372 milhões desembolsados pelo Fundo Partidário. Esse fundo é constituído por dinheiro do povo. Pagamos para termos esse absurdo de partidos. Ele também é composto, em um patamar bem inferior, pelas multas eleitorais. O Fundo foi constituído por R$ 315,5 milhões de dinheiro do povo e R$ 58,4 milhões de multas. Os 32 partidos rateiam essa fortuna de acordo com o número de deputados federais que conseguiu eleger. Por exemplo, o PT que dispõe da maior bancada de deputados federais levou R$ 59,7 milhões para seus cofres, enquanto o pequeno Partido da Causa Operária (PCO) ficou com R$ 610.097, como os outros três que não elegeram um só deputado. Um dirigente partidário diz que os partidos existentes viraram "capitanias hereditárias", dominam os negócios partidários em família e que por esse motivo se fazem necessários novos partidos. Se for verdade que os existentes viraram negócios familiares, os novos partidos virarão negócios de qual natureza?

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O medo começa a tomar conta da economia brasileira

A crise financeira que desabou sobre o mundo ocidental no final de 2007 ofereceu um lembrete oportuno de algumas verdades perenes da história financeira. Mais cedo ou mais tarde, todas as bolhas explodem. Há outra verdade ainda mais perversa: mais cedo ou mais tarde, os vendedores pessimistas se tornam muito mais numerosos do que os compradores otimistas. Mais cedo ou mais tarde, a ganância se transforma em medo. A causa imediata da incerteza econômica é financeira. Para ser mais preciso, começa a ocorrer um espasmo no mercado de crédito, de venda de dinheiro, e ele poderá determinar uma recessão prolongada ainda que o governo cumpra todas as metas, mesmo o governo recuperando a credibilidade dos compromissos. Será insuficiente para girar o mercado de crédito.

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Um mundo de injustiças por causa dos banqueiros

Zangados porque o mundo é tão injusto? Furiosos por conta do Ministro da Fazenda despejar seus raios sobre nossos bolsos e ser homem do "establishment" dos banqueiros? Irado por causa dos lucros bilionários dos banqueiros? Desconcertados pelo abismo escancarado entre os que têm tudo e os que nada têm? Não estão sozinhos.

Através da história da civilização ocidental, tem havido uma hostilidade recorrente em relação às finanças e aos banqueiros. Ela está enraizada na ideia de que aqueles que ganham a vida vendendo (emprestando) dinheiro são, de alguma maneira, parasitas das verdadeiras atividades econômicas da agricultura, comércio e indústria. Essa hostilidade, em parte, é porque os devedores tendem a ser muito mais numerosos que os credores, e os primeiros raramente se sentem bem dispostos em relação aos segundos. Por outro lado, é porque as crises e os escândalos financeiros ocorrem com frequência suficiente para fazer com que as finanças pareçam ser mais a causa da pobreza do que da prosperidade, mais a causa da volatilidade do que da estabilidade.

Entretanto, a despeito dos nossos preconceitos profundamente enraizados contra o "lucro imundo", o dinheiro é a raiz da maior parte do progresso. Existe a face obscura e perversa de meros exploradores cuja intenção é sugar o sangue da vida das famílias endividadas ou jogar e especular com as poupanças de viúvas e órfãos. Todavia, a inovação financeira tem sido um fator indispensável ao avanço da humanidade. A evolução do crédito e do débito foi tão importante quanto qualquer inovação tecnológica, ainda que ninguém fale a respeito. Foram os bancos e o mercado de ações que proveram a base material para os esplendores do Renascimento italiano. A finança corporativa foi o alicerce indispensável do Império britânico e do holandês, exatamente como o triunfo dos Estados Unidos no século XX foi inseparável dos avanços da "indústria" dos seguros, no financiamento das hipotecas e no crédito ao consumidor. Tal como o sistema bancário chinês quebrou a hegemonia dos "petrodólares" no mar de petróleo árabe e se tornaram os maiores potentados financeiros do mundo ao comprar algo com 70% da dívida dos Estados Unidos. Atrás de cada fenômeno histórico grandioso existe um segredo financeiro. Creiam, os bancos sediados no país continuarão a ter lucros fabulosos, mas só sairemos da crise com o auxílio de alguma inovação patrocinada por eles.

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