Bate, bate coração, o órgão da emoção ou insensibilidade?
A curiosa história do coração não tem paralelo, nenhum outro órgão de nosso corpo tem uma equivalente. Comecemos com a incrível história de um irlandês, visconde de Montgomery. O rei Carlos I, da Inglaterra meteu três dedos no enorme buraco que havia no lado esquerdo desse jovem nobre. O rei apalpou suavemente o coração do homem, que estava impávido, como se não estivesse ali. “Dói”, perguntou. “Absolutamente nada”, respondeu o jovem. Era o ano 1.641, o médico do rei, William Harvey, havia comentado com o chefão esse milagre. Harvey foi a primeira pessoa a demonstrar cientificamente o papel que o coração desempenha na circulação do sangue no corpo. Com grande interesse, o rei havia solicitado conhecer esse jovem de dezenove anos.
A historia do jovem visconde.
Quando tinha dez anos, o menino caiu de um cavalo que havia tropeçado, precipitando-o sobre uma rocha pontiaguda que perfurou e quebrou múltiplas costelas do lado esquerdo de seu tórax. Nove anos depois, vivinho da silva xavier, o agora famoso nobre acabava de regressar a Londres depois de um giro pela Europa, onde apareceu em salas super lotadas de gente que queria contemplar um coração palpitante em uma pessoa viva. O rei Carlos manuseou o coração do jovem nobre, batendo em bom ritmo, sem que ele sentisse. É óbvio que concluiu que o coração é desprovido de sensibilidade.
Cadê a sensibilidade?
É uma grande ironia que o coração, que durante grande parte da história foi considerado o epicentro da sensibilidade humana, seja, em realidade, um órgão insensível à apalpação. Desde que os humanos começaram a deixar por escrito seus pensamentos, a maioria das civilizações acreditaram que o coração, e não o cérebro, era o órgão mais importante do corpo. Evidentemente, os humanos de épocas antigas sabiam que o batido que notavam no peito indicavam a presença de vida e ao deixar de bater, era sinal inequívoco de morte. Mas o coração era o lugar da alma, das emoções, dos pensamentos e da inteligência. Também acreditavam que era o coração que os conectava com Deus. E era através desse órgão que Deus calculava as possibilidades que um individuo tinha de ingressar na eterna glória celestial. Suas virtudes e pecados estariam inscritas na parede do coração. Hoje sabemos que é uma mera bomba de circulação do sangue. Sabemos mesmo? Temos certeza?
Enigmas de transplantes.
Como é uma mera bomba, chegamos à conclusão de que é moralmente correto transplantá-lo de uma pessoa a outra. Mas de vez em quando a ciência dá uma trombada para explicar casos estranhíssimos. O primeiro foi o da bailarina Claire Sylvia. Submetida a um transplante de coração e pulmões, recebeu os órgãos de Tim Lamirande, um jovem morto em um acidente de motocicleta. Após os transplantes, Claire passou a andar como Tim, a adorar cerveja e ter nojo de nuggets de frango. Eram condutas típicas do Tim, afirmou sua família. Como esta, outras historia similares começaram a surgir. Nunca foram explicadas. O coração tem parte em nossas emoções?
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