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Em Pauta

Diobélia, a compra de votos na origem da democracia

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 06/10/2024 07:25
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Dentro de instantes, você votará. Pode ser que tenha votado há pouco. A tensão domina três comitês eleitorais, um será derrotado, não passará ao segundo turno. As últimas pesquisas mostram empate técnico entre Beto, Rose e Adriane. O debate da TV Morena passou sem trazer novidades, tão inodoro e desprovido de emoções como foi a corrida eleitoral inteira. O que resta aos políticos é a última tentativa de persuasão do eleitor, em suas residências,  e a compra de votos. Quem tem o mínimo de conhecimento eleitoral sabe que pagar para ter votos é fundamental em uma disputa tão acirrada. Também imaginam que essa é uma prática recriminável nova, bem brasileira.


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Onde nasceu a democracia?

A resposta é comum a todos e bem fácil: em Atenas, na Grécia. Saibam que essa é uma resposta no mínimo inadequada. É bem provável que seja totalmente incorreta. Heródoto, o “ Pai da História”, narra em um animado diálogo entre os mais notáveis persas (hoje, iranianos), no ano 522/521 a.C. sobre a melhor forma de governo. E dá grande relevo ao fato de eles pensarem em instituir a democracia na Pérsia. E que um dos chefões persas, de nome Mardónio, “andava a instaurar democracia”. E tem mais. Em muitas cidades do Império Romano “funcionavam pólis democráticas”. Qual o problema dessas desses dois berços - Irã e Itália - da democracia não terem fama? Faltam documentos. Os estudiosos sabem apenas que existiram antes da propalada democracia grega, mas não sabem como funcionaram.


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Diobélia, te pago para votar.

O começo da democracia ateniense é extremamente antidemocrático. Não é um jogo de palavras. Votavam algo como 20% de sua população adulta. Apenas os cidadãos, aqueles que dispunham de recursos para comprar suas próprias armas, podiam participar das assembleias. Quando Atenas vai para o mar, começa a estabelecer um rico comércio marítimo, surge um problema indigesto: os marinheiros tinham de se armar, mas não dispunham de dinheiro. O governo ateniense os arma para que defendam os navios. E foi assim, com a crise dos marinheiros, que viraram cidadãos na marra, que a democracia ateniense começou a se expandir. Foi um momento revolucionário que “puxou” outros grupos dessa população para participar das assembleias. No século V a.C., nessa pequena cidade de tão somente 30 mil habitantes, apenas 5 mil deles, no máximo, frequentavam essas reuniões. Mas havia muita disputa. Oligarcas desejavam expulsar os marinheiros. Outros, queriam ampliar a participação popular. As assembleias, em meio a tantas brigas, começaram a definhar. E foi assim que, para aumentar a participação popular, criaram a “diobélia”, um pequeno salário de dois “óbulos”, equivalente a um dia de trabalho, que muitos perdiam para votar nas assembleias. É óbvio, que ao pagarem para o povo deixar de trabalhar para participar de uma reunião, quem pagava tendia a conquistar o voto. Nasceu a compra de voto. É bem “jovem”, tem mais de 2.500 anos.

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