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Em Pauta

Fronteira: Pecuária e contrabando desde os primórdios

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 11/02/2024 08:42
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Mate Laranjeira, esse o nome da gigantesca empresa que dominava a economia fronteiriça em seus primórdios. Está em todos os livros de nossa história. Mas há dois outros negócios que raramente aparecem: a pecuária e o contrabando. Aliás, ambos são duas faces do mesmo negócio. Nos primeiros tempos, Ponta Porã e Bela Vista negociavam exclusivamente com Concepção, que ainda era uma vila do Paraguai. O gado ia e vinha, ao sabor dos preços, mas o sal e o arame eram vendidos aos brasileiros pelos paraguaios como mercadoria de excelente qualidade. Eram originários de Cádiz, na Espanha. Muito tempo depois, surgiu o sal carioca, muito mal conceituado, consideravam que vinha misturado com areia.


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A tradicional tolerância com o contrabando.

Vem, desse período distanciado, a tradicional tolerância da nossa fiscalização aduaneira. Na época a que nos reportamos, os paraguaios eram os únicos compradores do gado brasileiro. Mais tarde, começarão a comercializar com as cidades fronteiriças de São Paulo e com a mineira Uberaba.


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A política monetária de Epitácio Pessoa e o ouro paraguaio.

Ao término da Primeira Guerra Mundial, os rebanhos paraguaios sofreram enorme retração. Tinham vendido descontroladamente para os ingleses. Acrescente-se a essa queda, a política monetária de Epitácio Pessoa que supervalorizou a libra esterlina - o dólar da época. Os paraguaios, respaldados pelas empresas inglesas, que se estabeleceram com frigoríficos, para suprimento de guerra, em virtude da vantagem cambial, passaram a comprar as boiadas brasileiras em grande quantidade. Pagavam em ouro, enriquecendo os pecuaristas de Ponta Porã e de Bela Vista.


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Guardas aduaneiros ou protetores do gado brasileiro.

O contrabando com a nação vizinha sempre foi efetuado com complacência, mas nessa época os "zelosos e vigilantes" guardas aduaneiros - como eram chamados os atuais fiscais e auditores - auxiliavam os boiadeiros do lado de cá a chegar a "salva terra", algum lugar onde estariam livres da imensa quantidade de salteadores de gado que pululavam do lado paraguaio.


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O ramal da estrada de ferro e a estrada para Concepção.

Essa história começa a mudar quando a Missão Rondon abre a estrada de Campo Grande a Ponta Porã em 1.925. Invertem-se os papéis. O Brasil passa a vender mercadorias em escala cada vez mais crescente ao Paraguai. Mas será com a construção do Ramal da Estrada de Ferro que essa mudança ganhará muita força. Além disso, o governo brasileiro determinou que as máquinas que construíram o ramal ferroviário fossem encaminhadas ao território paraguaio com o objetivo de auxiliar na construção da estrada de rodagem de Ponta Porã a Concepção. Criando um elo de camaradagem ainda mais forte entre brasileiros e paraguaios. Consequentemente, enfraquecendo de uma vez por todas a fiscalização que tentava frear o contrabando. Essa é uma história cheia de "coronéis", homens fortes que sempre dominaram o comércio e contrabando de gado. Nesse período, o mais forte era o coronel Militão, chefe político de Bela Vista.
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