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Em Pauta

Índios: o ouro era apenas uma pedra e o negro escravo valioso

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 07/02/2024 06:55
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
De início, nas  primeiras lutas encarniçadas com os brancos, os indígenas do Mato Grosso do Sul, só esperavam tirar vantagem do resgate de prisioneiros paulistas ou da venda de escravos negros. Assim se deu com um ataque em 1.727, matando a todos e poupando apenas um menino de pouca idade. O caso produziu indignação na corte do Rio de Janeiro e o rei mandou dar Guerra aos indígenas, uma idiotice, pois em guerra estavam há muito tempo.


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João Pereira, o homem que ensinou o valor do ouro.

Ainda nesse ano, os paiaguás tinham tomado de assalto uma frota de barcos paulista. Quando se desfaziam do ouro, jogando-o no rio, quando um português chamado João Pereira, por eles aprisionado, lhes disse para ficar com o ouro, dizendo que fariam no negócio com os espanhóis de Assunção. Assim advertidos, cuidaram de salvar um pouco dessas pedras que não valorizavam. João Pereira, pela sua sabedoria, ficou prisioneiro apenas dois meses. A libertação de João Pereira é narrada com cores espalhafatosas, chegam a contar até sobre as vestes do indígenas - "casacões de pele de onça". É um momento importante na história dos embates dos paulistas com os indígenas nos rios e nas terras do MS.


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A mocinha grávida.

Há outra história que ocupa a imaginação dos historiadores: o resgate de uma mocinha grávida de um branco. Uma mulher de 18 a 20 anos, "de bom parecer", como escrevem, "mui discreta, mui honesta e com todas as prendas que possa ter uma dama", foi negociada pelos índios com os brancos. Contam que ela estava com os cabelos, pestanas e sobrancelhas raspadas mal coberta de anáguas esfarrapadas. Nesse mesmo episódio, salvou-se aquele que talvez tenha sido o primeiro médico a chegar nesta região. O alemão de nome Ernesto Lamberto se livrou dos paiaguás "não sem milagre", junto com um padre de nome João Veles.


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O grande valor do escravo negro.

É estranho que a escravidão negra tenha sido levada a um bilhão de paginas como se fosse única e exclusivamente obra dos "malfeitores" brancos. Os indígenas - guaicurus, paiaguás e caiapós - logo aprenderam que aprisioná-los era algo de muito valor. A troca de prisioneiros por facas e mel lhes davam um considerável botim. A perda dos negros, que valiam ouro para os espanhóis de Assunção e paulistas de Cuiabá, poderiam paralisar as minas e a economia. Para apanhar os negros, os paiaguás não hesitavam em sair do MS e chegar cada vez mais perto de Cuiabá, "oprimindo assim os moradores da vila". Os negros já não podiam sair das fazendas para "pescar pacu" e as lavouras ficavam abandonadas. Enquanto prisioneiros dos índios, os negros fabricavam lanças, todas como de melhor qualidade, por serem "tão polidas e bem feitas".
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