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Manoel Afonso

Assembleia Legislativa: vale tudo pelo poder

Manoel Afonso | 07/12/2018 09:55

‘BOA PRAÇA’ O livro ‘Uma Vida Pra Valer’ do colega Oscar R. Gaspar biógrafo de Nelson Trad é mais que uma simples obra literária; é um poço rico em referências da história política da nossa terra antes mesmo da criação do Estado. Sem dúvida, o título da obra caiu como uma luva e coloca o ‘ Nelsão’ no panteão das personalidades políticas do MS. Merecido!

É PRAGA? Com exceção de Murilo Zauithi, há uma lista longa de administrações municipais de Dourados com marcas da incompetência ou corrupção. Como pode a cidade superar tantas barbaridades? O episódio do ex-prefeito Ari Artuzzi infelizmente não significou o fim deste ciclo tenebroso. Escândalos, prisões e denuncias continuaram ocorrendo no cenário político.

SUJOU A prefeita Délia Razuk (PR) de saia justa com as prisões de seu Secretário de Fazenda e do diretor de licitação por suspeita de fraude em licitação e outros crimes. Para engrossar o caldo ‘respeitáveis’ figuras do legislativo municipal douradense também em cana por suspeitas de corrupção. Já os políticos presos de Ladário – de cabeças raspadas - devem comer o panetone natalino na cadeia. Sabor indigesto.

O Natal tá aí e pergunta-se no saguão da Assembleia Legislativa: ‘o ex-governador Puccinelli (MDB) sai antes ou terá o pior Natal da vida?’ O TRF-3 já negou o seu pedido para liberar R$18 mil reais mensais. Aliás, segundo a denúncia, o rombo pela ‘farra’ da ‘tchurma’ supera R$235 milhões. Na lista: compras ilícitas, documentos falsos, desvios, superfaturamento de obras, licitações direcionadas, propinas para agentes públicos e concessão de créditos tributários direcionados.

É PENA que o mandato do senador Pedro Chaves ( PSC) esteja no final. Em tão pouco tempo contribuiu com seu conhecimento, notadamente nas questões educacionais. Agora está nos representando na Assembleia Geral da ONU em debate da situação dos países de renda média e desenvolvimento sustentável. O senador é membro titular da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado. A robustez de seu mandato aumenta a responsabilidade dos dois futuros senadores.

DESAFIOS Falta professor na sala de aula! Um dos maiores desafios para o Governo Estadual em 2019 será acabar com a farra de funcionários por desvio de função. O funcionário é aprovado para uma função e exerce outra em órgão diferente por influencia política. Assusta o número de policiais – inclusive de oficiais – lotados no Tribunal de Justiça, Assembleia Legislativa, Ministério Público, Tribunal de Contas e Secretaria da Fazenda.

O CUSTO financeiro desta deformação funcional é altíssimo para os cofres públicos. Como todos os políticos tem culpa no cartório, o assunto simplesmente é ignorado na Assembleia Legislativa em favor de temas mais amenos - que vão de homenagens a escolha da fruta silvestre ‘Guavira’ como símbolo do Estado. “Nada como viver num Estado sem problemas” – já dizia o poeta.

LAMENTÁVEL Nosso Estado nasceu sob o signo do apadrinhamento político como se as tetas jamais fossem secar. Cada político com sua turma numerosa de parceiros afilhados a espera de uma boquinha. A tal Constituição foi uma mão na roda: deu estabilidade para quem estava no serviço público. Há muita gente aposentada, ganhando bem, sem nunca ter trabalhado.

PERGUNTO aos meus botões: será que os nobres futuros deputados estariam preocupados e preparados para abordar e questionar temas delicados como esse? O mandato parlamentar não se afere pelas proposituras de amenidades, nomenclaturas de prédios e logradouros públicos e votos de pesar. Sem preparo pessoal e assessoria efetivamente competente não se vai a lugar algum. É a dica.

O CORPORATIVISMO em todos os legislativos é muito forte em ‘defesa da honra dos nobres pares’. Como se diz: Mexeu com um – mexeu com todos! O que se vê no ‘glorioso’ Congresso Nacional repete-se em todos os níveis. Pena que os colegas jornalistas locais não se unam para escolher os melhores e os piores parlamentares. Entendo essa postura inerte, mas não concordo. Lamento.

FANTASMA As prestações de contas afligem o sono de ex-administradores públicos em tempos de ‘viva a moralidade’. Quando menos se espera vem uma intimação da justiça ou do Tribunal de Contas da União para informações ou juntada de documentos. Como o trâmite dos casos é lento por conta da burocracia, a novela demora anos e anos.

EXEMPLO atual é da senadora Simone Tebet (MDB) que continua com os seus bens indisponíveis pela Justiça Federal, o que pesou na sua breve candidatura ao Governo Estadual e inibe sua postulação a presidência do Senado. A denúncia do MPF fala em desvios de recursos públicos para custear campanha eleitoral. A ação foi proposta em 2014. Combustível para a concorrência nordestina esperta.

INCÓGNITA Embora eleito para a Câmara Federal com 56.339 votos, dos quais 29.028 votos na capital, o candidato Loester Carlos Gomes de Souza ( PSL), o Tio Truts pouco aparece na mídia para expor suas ideias às vésperas de assumir o mandato. Sabe-se que ele aos 36 anos de idade é comerciante, nascido em Campo Grande, anti-PT e defensor ferrenho do combate a corrupção e do presidente Bolsonaro. Vamos aguardar.

TEM JEITO? Daqui – só deputado Fabio Trad ( PSD) votou contra o escabroso projeto de lei que autoriza os municípios a estourarem o teto de gastos. Com isso a Lei de Responsabilidade Fiscal caiu por terra. O pior é que a matéria já havia sido aprovada no Senado e tudo leva a crer que o Governo Federal deva sancioná-la. Fim da picada!

DISPUTA Com as bênçãos do governador Reinaldo (PSDB) o deputado Paulo Correia (PSDB) agiu rápido e viabilizou sua candidatura à presidência do legislativo estadual. O velho filme: os deputados novatos não sentam na poltrona da janela. Os cargos da mesa diretora e das 16 comissões entram nas negociações. Enfim: todos querem ficar perto do guichê - mas só os privilegiados conseguem.

NA ELEIÇÃO da Assembleia Legislativa conta menos o carisma e mais a capacidade de agregar – a qualquer custo no sistema toma lá dá cá e da máxima pregada por São Francisco de Assis. Muitos interesses em jogo: contratação de empresas diversas, nomeação de funcionários, relações com a imprensa e um talão de cheque generoso. Não é por acaso que os deputados do PT esquecem as divergências com os neoliberais do Bolsonaro para conseguirem boquinhas no esquema.

MARUM (MDB) O nosso ministro da Secretaria de Governo que parecia influente no Palácio do Planalto demonstra mais pose do que poder. Após anunciar em com muita pompa recursos para manutenção do asfalto da BR 262, o que se vê é uma rodovia em estado de calamidade. O pessoal de Três Lagoas tem motivos de sobra para reclamar da promessa não cumprida.

NOVIDADE? Claro que não! Tudo que o ex-ministro Antonio Pallocci (PT) contou agora na delação premiada todo mundo já sabia. O nascimento e a multiplicação da riqueza de familiares do ex-presidente Lula é um milagre típico do ‘lulapetismo’; prega uma coisa e faz exatamente o inverso. Quanta hipocrisia desta esquerda que adora caviar.

DESAFIOS Como acomodar aliados de primeira hora e forças políticas importantes do Congresso Nacional no poder? O futuro presidente Bolsonaro vai tentando acomodar interesses sabendo de que corre risco de desgastes antes mesmo da posse. Seu projeto de diminuir o número de ministérios – por exemplo – já foi água abaixo. Haja tetas!

BONITO Onde está a política de previsão contra a ação dos fazendeiros no cultivo de soja ou mesmo na reforma das pastagens. Curvas em nível é uma pratica indispensável para se evitar erosões e enxurrada em direção aos córregos e rios. Neste caso repete-se aquela velha máxima da administração pública: depois da porta arrombada é que se providencia os cadeados ou fechaduras.

“Com essa bolinha que a seleção está jogando, Tite precisa opinar menos sobre política”. ( na internet)

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