Cooperativismo em ação: Dia C levará serviços gratuitos a comunidades de MS
Dia de Cooperar: evento reunirá 13 cooperativas com serviços gratuitos na Vila Almeida
No Brasil, cooperar já não é apenas verbo, virou movimento. E em Mato Grosso do Sul, onde o cooperativismo tem raízes profundas, esse movimento tem uma casa, o Sistema OCB/MS. É dali que partem as articulações que sustentam 138 cooperativas em todo o Estado, atravessando setores como crédito, saúde, agropecuário, trabalho, transporte, consumo, infraestrutura e seguros. Mas uma vez por ano, a lógica de compartilhar deixa o papel institucional e ganha corpo nas ruas. É o Dia C — Dia de Cooperar, principal mobilização de responsabilidade social do cooperativismo brasileiro.
Em 2025, essa data chega com novidade. Tradicionalmente celebrado no primeiro sábado de julho, o Dia C agora passa a integrar oficialmente o mês nacional do voluntariado, sendo realizado sempre em agosto. A mudança é mais que burocrática, significa alinhar o cooperativismo brasileiro a uma agenda nacional de solidariedade, ampliando seu alcance simbólico e prático.
“O Dia C é a materialização do compromisso das cooperativas em forma de ação voluntária. A mudança de data nos conecta ainda mais com o espírito do voluntariado”, explica Renato Marcelino, coordenador de Promoção Social do Sistema OCB/MS.
Este ano, a mobilização acontece em 30 de agosto, em várias cidades do Estado. Em Campo Grande, a ação principal será no Poliesportivo Mamede Assem José, na Vila Almeida, das 13h às 17h, reunindo cerca de 13 cooperativas. Lá, a comunidade terá acesso a uma programação que vai de serviços básicos de saúde, como avaliação odontológica, a atividades de lazer e cultura, e também corte de cabelo infantil, cinema para crianças, oficinas ambientais, pintura facial, barracas de pipoca e algodão-doce, além de recreações e até tênis de mesa com orientação de professores.
Ao mesmo tempo, o Dia C se espalha pelo interior, em municípios como Mundo Novo, Três Lagoas, Dourados e São Gabriel, entre outros, onde cooperativas se unem em ações conjuntas com parceiros locais. É a chamada intercooperação, princípio que reforça a ideia de que o cooperativismo é mais que cada instituição isolada, é uma rede.
A relevância dessa mobilização se mede em números. Em 2024, o Dia C em Mato Grosso do Sul mobilizou 7.292 voluntários de 36 cooperativas, que realizaram 392 iniciativas sociais, beneficiando diretamente 126 mil pessoas em 58 municípios. Em 2025, a expectativa é superar essas marcas. Mas, para quem acompanha de perto, os números não contam toda a história.
O cooperativismo, como insiste Renato, não se resume a eventos. É uma forma de organizar negócios com impacto social duradouro. No crédito, são as cooperativas que levam inclusão financeira a comunidades inteiras. Na saúde, o Sistema Unimed é reconhecido como o maior sistema de saúde suplementar do mundo, nascido da lógica cooperativa. Em educação, cultura, meio ambiente e geração de renda, cooperativas movimentam projetos que dificilmente existiriam sob outro modelo.
“Quando falamos de cooperativas, falamos de inclusão em sentido amplo”, afirma Renato. “É inclusão produtiva, financeira, social. É sobre pequenas comunidades que crescem juntas, sobre pessoas que se reconhecem como parte de algo maior. Nosso lema este ano é ‘juntos por um mundo melhor’, porque acreditamos que cooperar é construir futuro”.
Na prática, é isso que o Dia C busca lembrar, que solidariedade não é caridade episódica, mas um jeito de pensar desenvolvimento. O evento que, em 2012, nasceu como iniciativa local em Minas Gerais, hoje é nacional, e em Mato Grosso do Sul encontrou terreno fértil para florescer.
A cada agosto, ao abrir as portas de ginásios e praças para o público, o Sistema OCB/MS não apenas promove serviços gratuitos, oferece também uma experiência de pertencimento. Como se dissesse: a economia pode ser feita de outra maneira, onde lucro e solidariedade não são opostos.
E talvez seja esse o maior impacto do Dia C: lembrar que, em um tempo de vínculos frágeis, ainda existem formas de comunidade que resistem. Que se organizam, crescem e transformam não só seus associados, mas todo o entorno. Que constroem futuro não pela lógica da competição, mas da cooperação.
No fim de agosto, quando voluntários e comunidades se encontrarem em Mato Grosso do Sul, o que estará em jogo não será apenas um calendário renovado. Será a reafirmação de um princípio antigo e, ao mesmo tempo, urgente: ninguém precisa caminhar sozinho.
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