Transplantada, mulher enfrenta dificuldade para seguir tratamento fora do Estado
Ela relata que não consegue ser ressarcida pela Secretaria Estadual de Saúde, sendo que é um direito garantido
Extremamente sensibilizada e cansada de pedir ajuda para terceiros, a manicure aposentada Lucilene Olímpio, de 51 anos, relata que os pacientes em TFD (Tratamento Fora do Domicílio) não têm as necessidades atendidas pelo setor responsável da SES (Secretaria Estadual de Saúde). Ela diz que conhece pessoas que até desistem do programa, mesmo sendo uma garantia do SUS (Sistema Único de Saúde).
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A manicure aposentada Lucilene Olímpio, de 51 anos, expressa sua frustração com o programa de Tratamento Fora do Domicílio (TFD) do SUS, que não atende adequadamente às suas necessidades e às de outros pacientes. Após um transplante de rim e complicações de saúde, Lucilene enfrenta dificuldades financeiras para cobrir despesas com alimentação e transporte, recebendo apenas R$ 48 por dia, o que considera insuficiente. Ela relata que muitos pacientes desconhecem seus direitos e desistem de buscar ajuda, enquanto a Secretaria Estadual de Saúde não respondeu às questões sobre o atendimento e ressarcimentos aos pacientes fora de seu domicílio.
Lucilene é campo-grandense, iniciou o tratamento com nefrologistas do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul). O problema renal exigiu um transplante de rim, que foi realizado há mais ou menos quatro anos. Nesse meio tempo, ela sofreu com as sequelas da cirurgia e até por sepse passou, quase perdendo uma das pernas pela contaminação por bactérias.
"Meu corpo rejeitou os acessos, não tinha como passar por hemodiálise e precisei do transplante. Os atendimentos médicos que tive aí foram muito bons, mas acharam melhor me encaminharem para um hospital mais preparado, por isso sou paciente em Curitiba (PR). Tem época que consigo ficar até três meses em casa, mas pelas complicações, meus médicos pedem que fique aqui", disse ela pelo Direto das Ruas.
É aí que o problema começa. Todas as vezes que ela precisa ficar fora de casa, pelo TFD, não consegue ter os valores gastos garantidos. A tabela usada como base na secretaria é de R$ 48 a diária para ela e a acompanhante, sem contar a hospedagem e as passagens.
"Vendi um carrinho velho que tinha para conseguir pagar as despesas até aqui, peço ajuda, mas chega uma hora que ficamos envergonhados. Chega a ser humilhante, não estou aqui porque quero, foram os médicos daí que me transferiram. Esse valor de R$ 48 não paga a alimentação minha e da minha filha", completou.
A paciente termina dizendo que conhece outros sul-mato-grossenses que fazem tratamento fora, pelo SUS, e não conseguem ajuda. "Conheço gente que saiu do interior, de Naviraí, que nem sabe do direito que tem e/ou nem quer tentar por saber que não vão conseguir", conclui.
Os pedidos de Tratamento Fora do Domicílio são feitos no Core (Complexo Regulador Estadual), que fica na Avenida Afonso Pena, em Campo Grande, quase esquina com a Rua Bahia.
Para esta reportagem, a SES foi questionada sobre o atendimento aos pacientes que estão fora do domicílio de origem, principalmente com relação à demora nos ressarcimentos. Até a publicação desta matéria não houve retorno, mas o espaço está aberto para esclarecimentos.
TFD - Tratamento Fora do Domicílio é um programa do SUS que garante o atendimento médico de pacientes que precisam de tratamentos de média e alta complexidade que não estão disponíveis no município de origem.
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