Com 0,9% do PIB estadual, economia criativa esbarra na informalidade
Analista avalia que o índice é representativo em relação ao Estado que tem vocação agropecuária
O Brasil movimentou R$ 393,3 bilhões com a indústria criativa em 2022-2023, o equivalente a 3,59% do PIB nacional. Mas em Mato Grosso do Sul, o setor ainda tem participação tímida, com 0,9% da economia, segundo o Mapeamento da Indústria Criativa 2025, da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).
RESUMO
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A economia criativa em Mato Grosso do Sul representa 0,9% do PIB estadual, índice considerado positivo devido à predominância do setor agropecuário na região. Apesar do crescimento em relação ao período 2019-2020, quando registrava 0,8%, o setor enfrenta desafios com a informalidade, especialmente em municípios menores. O estado conta com 7.181 trabalhadores formais no setor criativo, número próximo ao de Mato Grosso, mas inferior a Goiás. O artesanato destaca-se como segmento forte, movimentando R$ 1,4 milhão em feiras interestaduais em 2024. O setor de Mídia representa 16% dos empregos criativos, enquanto a área Cultural supera a média nacional.
Para a analista técnica do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) de Mato Grosso do Sul (MS), Daniele Muniz, o índice sul-mato-grossense pode ser considerado positivo.
“Considerando que a base da economia estadual é a agropecuária, 0,9% é representativo. Além disso, o dado já mostra crescimento em relação à pesquisa de 2019 e 2020, quando era de 0,8%”, explica.
Informalidade atrapalha
Daniele Muniz pondera, no entanto, que a informalidade é um dos grandes entraves do setor, pois existe um número expressivo de profissionais que atuam sem registro, o que acaba subnotificando a realidade.
“Nas grandes cidades, como Dourados, Campo Grande, Corumbá, Bonito, Três Lagoas e Ponta Porã, o setor é mais organizado, mas nas cidades pequenas praticamente não há quem se dedique formalmente às atividades criativas”, analisa.
Para a analista, a formalização só tende a contribuir para o fortalecimento do setor, uma vez que, ao se conhecer o número de profissionais de cada área, é possível elaborar políticas públicas, como a Lei Paulo Gustavo, que beneficia o audiovisual, e a Lei Aldir Blanc, relacionada à música.
A analista acrescenta que um exemplo de força no Estado é o artesanato, que, em 2024, movimentou R$ 1,4 milhão em feiras interestaduais.
Outros segmentos, como a música, ainda permanecem em grande parte na informalidade. Para fortalecer o setor criativo, a analista recomenda que os profissionais trabalhem em associações e comunidades.
Cadastro tímido
Para reduzir a subnotificação é que a Setesc (Secretaria de Turismo, Esporte e Cultura) lançou, em janeiro, o Cadastro Estadual de Criativos. Até junho, apenas 309 trabalhadores se registraram. Campo Grande concentra 30% dos cadastros, seguida por Porto Murtinho (14,9%), Ponta Porã (9,4%), Itaquiraí (8,4%) e Corumbá (6,8%).
O levantamento mostra ainda que o artesanato lidera os registros (28%), seguido por música (10%), gastronomia (9%), feiras e festivais (9%) e audiovisual (9%).
O setor envolve atividades como publicidade, design, arquitetura, moda, audiovisual, música, artes, tecnologia e gastronomia.
Empregos formais
O Mapeamento da Indústria Criativa 2025 organiza o setor em 13 segmentos distribuídos em quatro grandes áreas: Consumo (design, arquitetura, moda e publicidade e marketing), Mídia (editorial e audiovisual), Cultura (patrimônio e artes, música, artes cênicas e expressões culturais) e Tecnologia (pesquisa e desenvolvimento, biotecnologia e TIC (tecnologias da informação e da comunicação)).
Conforme levantamento da Firjan, em 2023, Mato Grosso do Sul tinha 7.181 trabalhadores formais atuando em atividades criativas, número próximo ao de Mato Grosso (7.521) e menor que o de Goiás (16.644). Para efeito de comparação, São Paulo concentra sozinho mais de 30 mil profissionais criativos formais, reforçando a desigualdade regional.
Se em números absolutos o Estado aparece entre os menores, alguns segmentos se destacam proporcionalmente. A Mídia responde por 16% dos empregos criativos. Já a Cultura, apesar de ainda representar apenas 8,5% dos empregos criativos locais, tem peso acima da média nacional (6,5%).
Como se formalizar
Para informações sobre a formalização na economia criativa de MS, o profissional pode entrar em contato com o Sebrae pela Central de Relacionamento 0800 570 0800 ou pelo site do Sebrae. Já os interessados em fazer parte do Cadastro Único dos Artesãos podem acessar o site do Governo Federal.