Mercado imobiliário bate recorde com R$ 1,7 bi investido em um ano na Capital
Mesmo assim, Sindicato da Construção diz que burocracia e insegurança jurídica ainda travam novos lançamentos
O mercado imobiliário de Campo Grande vive um momento de expansão acelerada. Dados do Censo Imobiliário do 2º trimestre de 2025, elaborados pela Brain Inteligência Estratégica em parceria com o Sinduscon/MS (Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção), foram apresentados nesta segunda-feira (8) e apontam que, se não houver novos lançamentos, o estoque atual de imóveis disponíveis na capital pode se esgotar em menos de 4 meses.
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O mercado imobiliário de Campo Grande experimenta forte expansão, com risco de esgotamento do estoque atual de imóveis em menos de três meses. Segundo dados do Censo Imobiliário do 2º trimestre de 2025, a intenção de compra atingiu 49%, maior índice da série histórica. As vendas de unidades verticais cresceram 20% em comparação ao ano anterior, com valorização de até 36% no preço do metro quadrado para apartamentos de dois dormitórios. O setor horizontal também registrou aumento expressivo, com crescimento de 55% no valor global de vendas dos loteamentos residenciais.
As informações são divulgadas em meio a pressão contra medidas adotadas em Campo Grande. Em julho, por exemplo, acordo firmado entre o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), o Governo do Estado e a Prefeitura de Campo Grande suspendeu por 240 dias novas autorizações de construção de prédios no entorno do Parque Estadual do Prosa.
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Segundo a pesquisa apresentada hoje, a intenção de compra atingiu 49%, o maior índice da série histórica. O levantamento, feito com 1,2 mil famílias de todo o país, mostra que a capital sul-mato-grossense tem apetite acima da média nacional, confirmando o setor como um dos motores da economia local.
No mercado vertical, as unidades vendidas cresceram 20% em comparação ao mesmo período do ano passado. No acumulado de 12 meses, houve avanço de 14%, com destaque para apartamentos de dois dormitórios, que tiveram valorização de até 36% no preço do metro quadrado.
No segmento horizontal, o desempenho também é expressivo. O VGV (valor geral de vendas) dos loteamentos residenciais teve aumento de 55% no acumulado anual, reflexo direto da procura por terrenos para construção da casa própria.
Já o Minha Casa, Minha Vida mantém participação relevante no mercado de Campo Grande. Somente no primeiro semestre, as vendas dentro do programa responderam por parte considerável das negociações de imóveis econômicos, reforçando a importância das faixas de menor renda do programa.
Em valores reais, são R$ 1,7 bilhões. O segmento vertical alcançou cerca de R$ 1,1 bilhão no acumulado de 12 meses, crescimento de 55% em relação ao período anterior. No mercado horizontal, os loteamentos movimentaram mais de R$ 600 milhões, resultado que praticamente dobrou em comparação ao ano passado e confirma o peso da construção civil na economia de Campo Grande.
Perfil da demanda - De acordo com Anderson Gonçalves, head da Brain, o dinamismo local se explica por três fatores: estoques baixos, preços em valorização e forte demanda. “Aqui dentro nós temos um apetite além da média nacional para comprar produto imobiliário. É nítido que existe oportunidade em vários padrões, do econômico ao alto padrão”, afirmou.
O valor médio do metro quadrado em Campo Grande está em torno de R$ 10,1 mil, alinhado à média nacional. No entanto, a capital apresenta ritmo de valorização mais acelerado: 11% em 2024 e 14% neste ano. “O comprador percebeu que investir em imóvel traz retorno rápido. Os millennials são os que mais puxam essa demanda, motivados por sair do aluguel e da casa dos pais”, completou Anderson.
Apesar do cenário positivo, o presidente do Sinduscon/MS, Kleber Recalde, ponderou que existem barreiras que podem frear o setor. “Temos regras mais exigentes, restrições à verticalização e demora na emissão de autorizações que encarecem o produto. A insegurança jurídica também afasta investidores”, disse.

Segundo Kleber, os custos locais são historicamente mais altos, não apenas pela mão de obra e pelos materiais, mas também pelo tempo prolongado para desenvolver os projetos. “Isso reflete no preço final. Precisamos enfrentar a burocracia e dar mais segurança ao mercado, porque a demanda está aquecida e o desempenho da capital está acima da média nacional”, completou.
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