Com preço do gás “nas alturas”, manutenção é valiosa para economia
Na hora de economizar cada um tem uma dica, o que poucos sabem é como a manutenção do fogão é importante para reduzir os gastos
Com o preço do gás de cozinha cada vez mais alto, parte da população anda abusando do “jeitinho brasileiro” para tentar economizar o precioso GLP (Gás Liquefeito de Petróleo). Colocar o feijão de molho, cortar os pratos assados e até investir em fogões a lenha, fornos e panelas elétricas, vale tudo para diminuir os gastos. Nem todo mundo lembra, porém, que a manutenção do fogão tem um papel extremamente importante nessa economia.
A reportagem do Campo Grande News procurou um especialista na área para orientar os leitores. Segundo Claudenir de Oliveira Dionizio, que trabalha com isso há mais de 10 anos, na Loja Mundo dos Fogões, os cuidados devem começar pelo regulador de pressão. O equipamento responsável por regular a pressão do gás que sai do botijão em direção aos bocas do fogão, tem data de validade e deve ser trocado a cada cinco anos. “A data de fabricação e validade vêm escrita no produto. O regulador deve ser trocado a cada cinco anos, depois disso ele não é um equipamento confiável e vai gerar um maior consumo o gás”.
Na hora da compra e troca, segundo Claudenir, o ideal é garantir a qualidade do produto, sempre procurando lojas especializadas. “Em um kit com o regulador e uma mangueira certa de R$ 50. Tem gente que encontra no mercado por até R$ 15, mas não é um produto de qualidade”, reforçou.
A mangueira também é parte importante e assim como o regulador, deve ser trocada a cada cinco anos. Ainda conforme o profissional, o ideal é o cuidado constante com vazamentos, que além do risco de incêndio, causa uma grande perda de gás. “Em casa o morador pode usar água e sabão para verificar vazamentos. Pelo menos uma vez no meio”.
Outra dica de economia é o investimento na limpeza do fogão a cada seis meses. Claudenir explicou que por ser mais pesado que o ar, o GLP é sujo e acaba “entupindo” o fogão. Na manutenção todas as sujeiras são retiradas, liberando a passagem do gás sem prejuízos.
“O ideal é que a chama esteja azul, que estiver assim é porque o nível de gás e oxigênio liberados pelo fogão estão equilibrados”, relatou. Sem esse equilíbrio, o tempo de preparo dos pratos é maior e assim, o gasto de gás também. “Se a chama estiver amarela ou azul de mais, quase preta, é porque o fogo está irregular”.
Outro erro comum, segundo Claudenir, é o uso do botijão P13 em fogões industriais. Sem ter a potência necessária para abastecer o fogão, o consumo dobra. Para o profissional, as manutenções, somadas as saídas encontradas por cada consumidor reduzem muito o desperdício do gás cada vez mais caro.
“Jeitinho brasileiro” - Até quem está acostumado e trabalha todos os dias cercado por equipamentos e fogões o preço do gás vem trazendo surpresas. “A venda de fogões a lenha está subindo. Vendemos cerca de oito por semana. Esse ano tivemos um aumento de 20 a 30% nas vendas”, lembrou Claudenir que atribui a saída dos fogões a economia de gás.
Enquanto isso, nos bairro de Campo Grande os moradores se viram como podem para diminuir os gastos.
Moradora do Conjunto Habitacional Estrela D'alva, Jovanir Borges, de 61 anos, conta que em sua casa a muito tempo os pratos assados foram tirados do cardápio. A estratégia para economizar gás também inclui no preparo do almoço para mais de uma dia. “Guardo tudo em vasilhas e coloco na geladeira”, contou.
Se seguir as medidas as risca, Jovanir conta que o gás chega a durar cinco meses, já que mora sozinha. Com problemas de coluna, o idosa não consegue emprego fixo e garante a renda com costuras e consertos de roupas. “Para comprar um gás tenho que costurar três dias. Queria que o meu durasse mais, ou que abaixasse o preço”, revelou.
Não muito longe dali, Ivanir Torres da Silva, de 60 anos, conta que em sua casa a família acaba se tornando “refém” do preço do combustível. “Não tem outro jeito, tenho que cozinhar”, afirmou. Na tentativa de reduzir os gastos apela para a velha tática de colocar o feijão de molho, um meio de reduzir o tempo de cozimento.
Para Neli Reis, de 67 anos, o jeito é procurar os melhores preços na hora da compra. “Eu tenho o contato de vários lugares, não me importo com a marca, procuro o melhor preço. O último eu comprei por R$ 65, vamos ver agora com esse aumento”, falou.
Alta - Desde a última terça-feira (6), o gás de cozinha subiu de R$ 23,10 para R$ 25,07 nas refinarias por determinação da Petrobras. Esse acréscimo ainda não foi notado pela maioria dos campo-grandenses porque as revendedoras ainda têm estoques do botijão comprado com o preço mais em conta.
É por isso que na pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível) feita nessa semana e divulgada no sábado aponta queda de 0,68% a nível estadual e de 1,54% em Campo Grande no valor médio do botijão.
Na Capital, a conta fechou em R$ 67,97. O produto mais caro achado na cidade na semana passada custava R$ 80 mantendo o mesmo patamar da semana passada, enquanto o mais em conta ficou um real mais baixo do que o levantamento anterior, por R$ 58.
Contudo, os revendedores afirmam que o preço para o consumidor pode aumentar até R$ 10 quando aplicado o aumento da Petrobras, repetindo assim o valor mais caro do ano, que foi registrado em setembro, quando o produto chegou aos R$ 90.
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