Com projeção de investimento bilionário em MS, Paper compra gigante canadense
Empresa que trava batalha judicial para o controle da Eldorado em MS pretende expandir a área de atuação
A Paper Excelence, que trava uma batalha judicial para o controle da Eldorado Celulose em Mato Grosso do Sul, anunciou nesta quinta-feira (2) a conclusão da compra da Resolute Forest Products, empresa de papel e celulose canadense avaliada em U$ 1,7 bilhão, cerca de R$ 8,8 bilhões, se convertidos em real.
Essa é a terceira aquisição bilionária da Paper, se credenciando entre os dez maiores conglomerados globais do segmento de papéis e confecções de embalagens. Com a ação, o grupo poderá expandir sua área de atuação, tendo em vista que a Resolute é líder do mercado norte-americano na produção de tecido e madeira para a construção civil.
“O negócio da Resolute será complementar ao nosso. Ele apresenta novos produtos à nossa oferta e nos permite receber uma força de trabalho impressionante, fortalecendo nossa equipe existente. Estamos bem posicionados com a adição de capacidade competitiva de madeira em um momento de escassez significativa no estoque de imóveis em toda a América do Norte”, afirmou Patrick Loulou, vice-presidente e diretor de estratégia do Paper Excellence Group.
Em meio ao entrave judicial, a Paper projeta novos investimentos, na casa dos R$ 16 bilhões para uma segunda linha de produção em Mato Grosso do Sul, onde em 2017 comprou a Eldorado Celulose, em Três Lagoas, mas ainda não conseguiu assumir o controle devido à batalha judicial que se arrasta nos tribunais com irmãos Wesley e Joesley Batista, proprietários da J&F, sócia da Paper na aquisição da Eldorado. A Paper Excellence detém 49,1% e nenhuma gerência sobre o negócio.
O imbróglio judicial que envolve a compra da fábrica Eldorado em Mato Grosso do Sul se arrasta na Justiça há cinco anos. Entre 2018 e 2021 a ICC (Câmara de Comércio Internacional) entendeu que havia boa-fé da Paper Excellence ao longo da negociação da compra e venda, então decidiu por unanimidade o direito da companhia em assumir a gestão da produtora de celulose brasileira.
Os irmãos Batista questionaram o resultado, alegando que a sentença extrapolava os limites da convenção arbitral, que a empresa teria sido espionada pela própria sócia, com uma invasão cibernética, entre outros conflitos de interesse não revelado pelos árbitros. O processo judicial envolvendo as partes é considerado o maior litígio do Brasil.