Compra a prazo de gado pela JBS deixa pecuaristas de MS de mãos atadas
Grupo concentra o maior volume de abates de bovinos no Estado
A decisão da JBS, maior indústria de alimentos do mundo, de supender as compras à vista de bovinos deixou os pecuaristas do Estado de mãos atadas, devido ao monopólio de mercado do grupo. A avaliação é do presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Jonathan Barbosa. Para ele, a mudança prejudica ainda mais os produtores rurais, pois os preços já estariam defasados.
Esse tipo de compra se intensificou na semana passada, mas o grupo já a adotava. O Campo Grande News procurou a JBS, que respondeu apenas que “não comenta suas políticas comerciais por questões estratégias”. Acrescentou, na nota, que “suas operações seguem dentro da normalidade dos negócios”.
No entanto, o Campo Grande News apurou que a JBS tem dado preferência ao pagamento a prazo. “Pelo tamanho do grupo, não tem como pagar sempre à vista a todos os produtores”, justificou fonte da empresa. Também afirmou que esse modelo de comercialização não estaria relacionado com a delação feita recentemente pelos donos da JBS, os irmãos Wesley e Joesley Batista.
Conforme o presidente da Acrissul, por causa do que caracteriza como monopólio de mercado da JBS, o pecuarista não terá saída a não ser vender seus bois a prazo. Ele explica que os maiores frigoríficos, com elevada capacidade de abate, pertencem ao grupo JBS. “A maioria dos demais não tem condições de escala para atender o mercado”, disse. “Só o frigorífico de Campo Grande da JBS, por exemplo, abate 5 mil bois por dia. Outros não têm essa capacidade”, acrescentou.
Barbosa afirmou, ainda, que a venda a prazo força a queda de preço. A arroba do boi gordo custa, atualmente, R$ 127 – e esse valor, conforme o presidente da Acrissul, não muda mesmo sendo comercializado a prazo. Segundo ele, o preço da arroba deveria ser, no mínimo, R$ 135 para cobrir as despesas.
Frigoríficos – O grupo JBS tem oito dos 22 frigoríficos de bovinos ativos do Estado. No entanto, suas unidades – duas em Campo Grande e as demais em Anastácio, Nova Andradina, Cassilândia, Iguatemi, Naviraí e Ponta Porã – concentram o maior volume de abates.
Desde 2015, foram fechados 14 frigoríficos em Mato Grosso do Sul, passando de 36 para 22, de acordo com dados do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).