ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
JANEIRO, QUARTA  22    CAMPO GRANDE 23º

Economia

Concessionária cobra da prefeitura área pública de uma quadra em região nobre

Empresa diz que recebeu 25 lotes dentro do Prodes, e agora quer a posse definitiva das áreas de R$ 4,9 milhões

Por Maristela Brunetto | 21/01/2025 16:48
Concessionária cobra da prefeitura área pública de uma quadra em região nobre
Vista aérea da concessionária, localizada no Bairro Itanhangá Park, em Campo Grande. (Foto: Osmar Veiga)

A 3ª Câmara Cível do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) determinou à Prefeitura de Campo Grande que transfira 12 lotes públicos, localizados em área nobre de Campo Grande, para a concessionária Kampai Motors Ltda, doados por meio do Prodes (Programa de Incentivos para o Desenvolvimento Econômico e Social) de Campo Grande, mas nunca confirmados por meio de escrituras da propriedade.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

A 3ª Câmara Cível do TJMS determinou à Prefeitura de Campo Grande a transferência de 12 lotes públicos para a concessionária Kampai Motors Ltda, relacionados ao Prodes, mas que nunca foram formalmente registrados. A empresa, que alegou que sua unidade estava em risco de rescisão contratual, cumpriu suas obrigações de reforma de uma unidade de saúde em troca da doação do terreno, mas a prefeitura não efetivou a transferência. A juíza Cíntia Letteriello inicialmente negou a tutela antecipada, mas o TJMS posteriormente ordenou a transferência, impondo multa diária ao município por descumprimento. A prefeitura, por sua vez, argumentou que a transferência não era de propriedade, mas de uso, e pediu revisão da decisão, que ainda não foi analisada.

A área em jogo se refere a um quarteirão, com a fachada da empresa localizada na Rua Joaquim Murtinho, Bairro Itanhangá Park, um dos metros quadrados mais caros da Capital

Além disso, a Kampai tem pendente outro pedido envolvendo mais 13 lotes, todos desapropriados para atender a concessionária como benefício pela instalação. O valor total, conforme as petições, é de R$ 4,9 milhões.

A revendedora de carros da marca japonesa Toyota relatou à Justiça que teve uma carta com pedido de incentivo aceita pela prefeitura no ano de 2009, para transferir sua unidade da Avenida Costa e Silva para o terreno central.

Em troca pela doação do local, a empresa teria que reformar unidade de saúde na Vila Carlota, com entrega de materiais e equipamentos. Segundo informou nas petições, ela cumpriu sua obrigação, entretanto a prefeitura nunca fez a transferência definitiva pelos 25 lotes.

Em uma das ações que tramitam na 3ª Vara de Fazenda Pública, o município já se manifestou, apontando que não seria caso de transferência de propriedade, mas somente de uso dos imóveis e que não haveria autorização legislativa para tanto, como prevê a lei.

Em agosto do ano passado, a juíza da 3ª Vara, Cíntia Letteriello negou o pedido de tutela antecipada por não verificar a urgência, mas na sequência o TJMS aceitou os argumentos da Kampai e determinou a transferência definitiva em cartório.

Concessionária cobra da prefeitura área pública de uma quadra em região nobre
Fachada da empresa fica na Rua Joaquim Murtinho. (Foto: Osmar Veiga)

A empresa alegou que o contrato com a Toyota Brasil estava sob risco iminente de rescisão, por conta do impasse sobre o terreno onde está a concessionária.

No final do ano, veio a ordem para a prefeitura cumprir a obrigação no prazo de 10 dias, com imposição de multa de R$ 5 mil por dia de descumprimento. No entanto, a ordem não foi cumprida porque a procuradoria apresentou embargos de declaração.

A prefeitura pediu que o juiz da ação complementasse a decisão, considerando maior prazo ou suspensão da ordem, até que o assunto se esgotasse no âmbito do TJMS. Esse recurso da prefeitura ainda não foi analisado pelo juiz da ação.

Já a Kampai apontou que o caso já foi encerrado no Tribunal e cobra o cumprimento imediado da decisão.

Em nota, a prefeitura informou que não foi intimada até o momento e que quando o for, "a PGM (Procuradoria-Geral do Município) analisa recursos cabíveis sem prejuízo do cumprimento da decisão judicial, dentro do prazo legal". Em contato com o advogado da Kampai, não houve retorno até a publicação.

Prodes - No final do ano, a Câmara de Vereadores autorizou a prefeitura a retomar 9 imóveis doados a empresas que não cumpriram as condições previstas no Prodes. Ainda no ano passado reverteu acordo feito com um posto de combustíveis.

O Prodes é conduzido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Gestão Urbana e Desenvolvimento Econômico, Turístico e Sustentável e a análise de pedidos e acompanhamento das condições cabe ao Codecon (Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico), que também se manifesta sobre a possibilidade de extinguir parcerias por descumprimento de condições pelas empresas.

Nos siga no Google Notícias