Grupo do ET Bilu investe 50 milhões e assume 70% do prédio da antiga rodoviária
Fundador da cidade Zigurats adquiriu 22 salas comerciais para instalar empresas ligadas ao próprio grupo
O Centro Comercial Condomínio Terminal Oeste, antigo prédio da rodoviária de Campo Grande, está prestes a passar por uma transformação puxada por um nome já conhecido por polêmicas nacionais. O projeto de revitalização orçado em cerca de R$ 50 milhões, é liderado pelo Ecossistema Dakíla, grupo fundado por Urandir Fernandes de Oliveira, o mesmo que ficou famoso pela criação da cidade esotérica de Zigurats, pela figura do ET Bilu e pela defesa da existência de uma “cidade perdida” na Amazônia, chamada Ratanabá.
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A Dakíla adquiriu 22 salas comerciais no Terminal, o equivalente a aproximadamente 70% da estrutura total. A proposta é ocupar os espaços com empresas do próprio grupo, que se apresenta como um ecossistema de negócios e pesquisas “fora do convencional”.
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Entre os empreendimentos anunciados estão a Kion Cosméticos, voltada ao setor de beleza, e a Zigurates, do ramo de materiais de construção. Também há faixas anunciando um mercado, cafeteria e restaurante japonês nos corredores ainda vazios do local.
De acordo com a Dakila, a ocupação das salas começa com obras em setembro e deve resultar, segundo estimativas do grupo, em cerca de 280 empregos diretos e até 700 indiretos. Parte das operações deve entrar em funcionamento ao longo de 2026.
“A ideia é transformar o prédio em um centro comercial moderno, que contribua para valorizar a região central”, informou a assessoria do grupo. Ainda segundo o grupo, 17 empresas já foram convidadas a compor o novo polo e a maioria teria demonstrado interesse.
O movimento acontece em meio a um processo visível de valorização imobiliária na área. Conforme mostrou reportagem recente do Campo Grande News, após a revitalização do prédio, nenhuma sala é vendida hoje por menos de R$ 100 mil. O local, antes marcado por abandono, agora atrai olhares de investidores, incluindo um grupo que mistura negócios, teorias alternativas e turismo místico.
Urandir Fernandes de Oliveira é também o criador da chamada “Cidade Zigurats”, construída desde 1997 em Corguinho, onde promove eventos, vende imóveis com moeda própria (o BDM, Bônus Dourado Mundial) e organiza atividades que combinam ciência, espiritualidade e teorias contestadas pela comunidade acadêmica. Entre elas, a defesa de que a Terra é convexa, tese apresentada até em documentário, dirigido por ele em 2018.
Além disso, o grupo Dakíla ficou conhecido nos últimos anos por divulgar a suposta localização de Ratanabá, civilização de 450 milhões de anos que teria sido soterrada na Amazônia, segundo relatos do próprio Urandir e seus seguidores.
A teoria chegou a ser endossada por figuras do governo federal à época, como o ex-secretário de Cultura Mario Frias, mas foi amplamente rejeitada por arqueólogos e cientistas da USP, que classificaram a proposta como fantasiosa e sem base empírica.
Agora, o mesmo grupo que associou sua imagem a extraterrestres, arqueologia mística e teorias conspiratórias aposta no centro de Campo Grande como vitrine para uma nova fase empresarial. O projeto é apresentado como um “ecossistema integrado”, com negócios considerados complementares e voltados à inovação.
Revitalização - A revitalização do Terminal Rodoviário Heitor Eduardo Laburu teve início em julho de 2022, e a previsão inicial de entrega era 26 de junho de 2023. Depois passou para o final de 2024, em seguida para junho deste ano e, por fim, para o final deste ano.
O valor da obra é de R$ 16,5 milhões, sendo R$ 15,3 milhões do Ministério do Desenvolvimento Regional e R$ 1,2 milhão aplicado pela Prefeitura de Campo Grande. A revitalização abrange as áreas públicas nos dois pisos do prédio, que somam 5,1 mil metros quadrados e a construção de 1.070,28 m², em dois andares.
A antiga rodoviária de Campo Grande já teve vários projetos, desde que foi desativada no dia 31 de janeiro de 2010. O empreendimento foi construído na década de 1970. Depois de desativado, o espaço foi requisitado pelas universidades, mas os projetos não saíram do papel.
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