Há 1 ano com fim anunciado, ferrovia demite 350 e mantém só um contrato

Há um ano, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias, denunciava que demissões estavam sendo feitas e existia a possibilidade da ferrovia que liga Corumbá a Bauru, ser desativada. A "profecia" está praticamente concretizada.
De lá para cá, 350 trabalhadores foram demitidos, cerca de 6 mil carretas passaram a trafegar pelas rodovias estaduais e a Rumo ALL, responsável pela adminitração ferroviária, mantem contrato com apenas uma empresa, mesmo assim, por meio de determinações da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).
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Willian Monteiro, representante do Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários, explica que desde maio de 2015, a Rumo ALL demtiu 350 funcionários, e hoje apenas 14 pessoas continuam trabalhando na sede em Campo Grande. Destes, cinco atuam na mecânica, cinco na manutenção dos trilhos e quatro na administração.
Além disso, ele afirma que o "abandono é evidente", já que sem o tráfego constante de trens e sem funcionários que atuem na conservação da linha, há muito mato por lá. "Hoje está até difícil circular trem com vagão vazio, por existe muito mato nos trilhos, devido a falta de manutenção", explica.
O serviço de manutenção que antes era feito por 12 trabalhadores, no trecho entre Palmeiras e Ribas do Rio Pardo, hoje atuam apenas cinco. Os outros postos entre Baurur e Corumbá, onde haviam mais funcionários, foram desativados.
Projetos - Ao longo desse ano que passou, o governo do Estado assumiu as negociações com a Rumo ALL e hoje, pressiona por respostas efetivas. Após as denúncias, em maio de 2015, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) se reuniu com o presidente da Rumo ALL Julio Fontana, e ambos firmaram um pacto de desenvolvimento da ferrovia.
Um grupo formado por técnicos do governo elaborou um estudo, onde viu a comprovação de que há demanda para a ferrovia que cruza MS, ou seja, existem empresas interessadas em utilizar o modal. Para o plano sair do papel, o investimento estimado é de R$ 1,9 bilhão.
O sindicato fala em esperança de ver a ferrovia voltar a ser um modal importante, para o escoamento da produção de MS. Já o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Jaime Verruck, afirma que a pressão por respostas e melhoria continua.
"A ferrrovia é fundamental para a proposta de logística do Estado. Ela está inserida dentro da competitividade estadual, e precisamos que ela funcione. Por isso, estamos pressionando para que a ANTT faça uma reunião com a Rumo e cobre ações definitivas", afirma o secretário.
A agência nacional afirma que "está atuando para o reestabelecimento das condições da via permanente", principalmente em relação ao transporte de combustível, para o qual a Rumo ALL apresentou um cronograma premilinar para início dos serviços.
"Nesse sentido, a ggência vai empenhar todos os esforços para que a concessionária cumpra suas obrigações contratuais e para que o fluxo ferroviário de combustíveis e demais produtos sejam normalizados".
Negociações - Por sua vez, a responsável pela concessão da ferrovia, afrma que o "trecho ferroviário continua ativo" e que busca parceiros para fazer os investimentos necessário na Malha Oeste. "Desde o ano passado, vem se reunindo com empresas em busca de soluções para viabilizar a utilização desse trecho com maior fluxo", disse em nota.
E realmente está. A Rumo ALL tem negociado com uma empresa chinesa investimentos na ferrovia. De acordo com a própria empresa, as negociações "estão indo bem", porém, ainda não podem ser divulgadas.