ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JUNHO, SÁBADO  15    CAMPO GRANDE 25º

Economia

Motoristas de aplicativos aumentam jornada de trabalho, mas renda cai

Pesquisa mostra que em 5 anos, renda diminuiu de R$ 3,1 mil para R$ 2,4 mil

Por Izabela Cavalcanti e Bruna Marques | 22/05/2024 12:03
Motorista de aplicativo passando pela Avenida Mato Grosso com passageiro (Foto: Henrique Kawaminami)
Motorista de aplicativo passando pela Avenida Mato Grosso com passageiro (Foto: Henrique Kawaminami)

Ter jornada de trabalho mais longa e ganhar menos tem sido a realidade de muitos motoristas de aplicativos e moto entregadores. Em Campo Grande, o custo de vida mais caro é o que transforma a rotina.

Exemplo disso é o Lucivaldo Dias dos Santos Junior, de 38 anos. Ele trabalha como motorista de aplicativo há 4 anos, e nesse tempo disse que aumentou a carga horária em duas horas e viu o salário encurtar R$ 1.500 por mês.

“Hoje eu trabalho um pouco mais. Começava 5h e parava 18h, agora, começo o mesmo horário e paro 19h, 20h da noite. Por causa do preço da gasolina, meu salário reduziu, eu tirava uns 4.500, 5 mil, agora para tirar 3 mil tenho que trabalhar muito”, pontuou.

Além disso, para complementar a renda, ele também trabalha com instalação de ar-condicionado.

“Para a gente é complicado. Carro, manutenção, é tudo na nossa conta. Cada vez mais é complicado trabalhar. A inflação, preço da gasolina, impostos, aumentou também os motoristas de aplicativos, a taxa também aumentou, só uma corrida paguei 16 reais na taxa”, contou.

Danilo Melo, de 26 anos, é entregador há 2 anos para complementar a renda. Ele também é vigilante há 5 anos. Segundo ele, há 1 ano tem percebido que trabalha mais e ganha menos.

Quanto mais trabalho, menos dinheiro tenho para pagar as contas. As coisas estão subindo muito de preço, principalmente, as coisas de mercado”, disse Danilo.

Ele diz que o rendimento no trabalho depende das contas para pagar na semana. “Quando não estou muito apertado, faço uns 50 por dia e volto para casa. Na próxima semana tem conta para pagar e essa semana estou rodando mais. A meta é 100 reais. Antigamente quando eu tirava esse valor, o dinheiro rendia mais e hoje não”, lamentou.

Luciano Jara de Oliveira, de 37 anos, transporta pessoas pelo aplicativo de moto. Há 4 meses foi demitido do trabalho fixo e partiu para este ramo.

Todos os dias, ele roda das 7h às 17h, com 1h30 de almoço. Nos últimos dois meses percebeu que caiu em 20% a renda.

“Antes rodando a mesma coisa por dia tirava 160 líquido, agora, 120. A impressão que eu tenho é que as vezes o mês interfere, a demanda, valor das corridas. As pessoas também preferem o conforto dos carros, então, tudo isso interfere”, disse.

Pesquisa – O que também confirma a realidade é o estudo "Plataformização e Precarização do Trabalho de Motoristas e Entregadores no Brasil", feito pelo Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).

A pesquisa mostra que no Brasil, a renda dos motoristas de aplicativo alcançou cerca de R$ 3.100, mas em 2017 caiu para R$ 2.600. Já em 2021 ficou em R$ 2.200, e em 2022 chegou a R$ 2.400.

Paralelo a isso, a jornada de trabalho aumentou ano a ano, em 2012, 21,8% dos motoristas trabalharam de 49 a 60 horas por semana, em 2022 subiu para 27,3%.

Em relação aos entregadores, 2,6% disseram trabalhar mais de 60 horas por semana em 2012. Já em 2022, o percentual subiu para 8,6%.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias