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Economia

MPF quer vetar compra de bois em áreas de crime contra indígenas

Aline dos Santos e Aliny Mary Dias | 30/07/2013 18:10
TAC pode restringir compra de gado em fazendas do Estado. (Foto: Arquivo)
TAC pode restringir compra de gado em fazendas do Estado. (Foto: Arquivo)

Frigoríficos poderão deixar de comprar gado em áreas onde ocorreram crimes contra indígenas em Mato Grosso do Sul. A proposta é do MPF (Ministério Público Federal), que negocia um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com as associações da indústria frigorífica.

Desta forma, por exemplo, não poderia ser comprado bois em fazendas de Paranhos, inclusas na área que os índios denominam Ypo'i, onde um professor indígena foi morto. A compra também ficaria vetada em áreas de embargo ambiental do Ibama e Imasul e com registro de trabalho escravo.

De acordo com o presidente da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária), Eduardo Riedel, a entidade tem informações que o Ministério Público se articula para formalizar o acordo. “Somos totalmente contra”, afirma.
Segundo ele, até o momento nenhum frigorífico do Estado assinou o documento com a restrição de compra e venda. “Só se tenha assinado sem o nosso conhecimento”, diz.

A Famasul apura um caso em que frigorífico desistiu da compra de gado em fazenda no município de Aquidauana, onde há disputa de terra. O Campo Grande News entrou em contato com a empresa Boi Verde, citada como autora da recusa, mas não tinha ninguém da direção para atender a reportagem.

Dona da fazenda Esperança, Mirian Alves Côrrea reclama que as áreas em conflito não têm decisão judicial e o Ministério Público já quer executar a pena. “Estão matando as pessoas economicamente. É uma imposição do MPF aos frigoríficos”, afirma. A fazenda, localizada em Aquidauana, foi invadida em junho pelos terenas.

“Depredam a sua terra, arrancam fio da cerca, matam o gado, depredam o patrimônio. Depois, fica só o bagaço”, relata. A disputa entre índios e fazendeiros atraiu atenção nacional para Mato Grosso do Sul após reintegração de posse que resultou na morte do índio Oziel Gabriel, 35 anos.

O despejo foi cumprido na fazenda Buriti, no município de Sidrolândia. O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) elaborou um relatório com sugestão de soluções de conflito em 53 áreas. São aproximadamente 770 mil hectares, que correspondem a 2,17% do território do Estado. O rebanho bovino em Mato Grosso do Sul é de 21,5 milhões de cabeças.

Em outra frente, o governo federal criou um grupo de trabalho, cuja próxima reunião será no dia 5 de agosto. A expectativa, conforme promessa do ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, é o anúncio do valor a ser pago pelos 15 mil hectares da área requisitada pelos terenas em Sidrolândia e Dois Irmão do Buriti. No entanto, já está em discussão proposta para arrendamento das fazendas.

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