Na dificuldade de contratar, padaria oferece pão para funcionário e família
Diante da falta de mão de obra de Campo Grande, empresários têm apelado para a criatividade e junto com os direitos básicos do trabalhador oferecem todos os recursos que tem disponíveis. Exemplo disso é a padaria Monte Líbano, localizada no bairro de mesmo nome,que além do salário e benefícios oferece pães para toda a família do contratado.
O proprietário, Hélio Carlos Nantes, de 70 anos, está com o anúncio pregado na parede há cerca de seis meses e aponta os pontos negativos na hora de contratar. "Os jovens não querem trabalhar aos finais de semana e feriados e ainda tem a falta de comprometimento. A maioria dos funcionários encara esse trabalho como um bico até arrumar algo melhor, e as mulheres, em sua maioria, têm vergonha de trabalhar atrás do balcão", desabafou.
No comércio há 30 anos, Nantes falou ainda que atualmente é difícil encontrar funcionário que não atrase, não falte e que trate bem os clientes. Dono de vários outros estabelecimentos em Campo Grande, ele acredita que isso seja uma má fase, pois tem os mesmos problemas de contratação em seus outros estabelecimentos.
No anúncio que se encontra pregado no interior da padaria, ele oferece salário compatível com o cargo, horas extras, refeição, lanche, vale transporte, prêmio para bons funcionários, cartão alimentação e dois pães para cada membro da família do contratado, mas essa quantia não pode ultrapassar 12 unidades por dia.
Em apenas um mês, 16 funcionários já pediram demissão do local, conforme informou Nantes ao Campo Grande News. Dos 70 funcionários empregados, a maioria são mulheres.
Tradição - A qualificação profissional ainda é pouco procurada em Campo Grande. Para Ulysses Conceição Filho, superintendente da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), essa é uma questão cultural da cidade. "Essa questão é uma falta histórica, pois são poucos os estabelecimentos que investem em retenção de funcionários", comentou.
"Geralmente quem procura por qualificação são restaurantes especializados em culinária internacional, que precisam treinar seus funcionários. São poucos os casos de empregadores de Campo Grande que investem em seus funcionários", informou.
Filho comentou ainda que os funcionários encaram esses tipos de emprego em restaurantes, padarias e lanchonetes como um trabalho temporário, devido a falta de crescimento profissional oferecida. "O funcionário não encara esse tipo de emprego como uma oportunidade de carreira, desta forma quem possui cargos de chefia permanecem mais em suas funções", acrescentou.
A ACICG afirma que disponibiliza uma escola de varejo, mas de acordo com a assessoria, a procura por parte dos empregadores ainda é pouca, pois os comerciantes já estão acostumados com a falta de qualificação dos empregados.